O cancelamento da nova novela de Gloria Perez pela Globo levantou suspeitas sobre possíveis motivações ideológicas. Após 42 anos de parceria, a autora deixou a emissora e teve sua trama “Rosa dos Ventos” engavetada antes mesmo de ser produzida. A sinopse, publicada em primeira mão pela colunista Carla Bittencourt (Portal Leo Dias), revela que, ao contrário do que muitos especularam, a história não promovia ideias bolsonaristas, embora a autora tenha apoiado publicamente o ex-presidente Jair Bolsonaro e manifestações de cunho conservador.
Na proposta de Gloria, o enredo abordaria violência reprodutiva de forma inédita nas novelas brasileiras. A protagonista seria Cibele, uma ex-miss que vive um cotidiano difícil trabalhando em loja de departamento, após perder o brilho da fama. Ela se apaixona por Murilo, um empresário rico e casado com Mabel, mulher em ascensão na política.
Quando Cibele engravida, vê no bebê uma chance de recomeçar. No entanto, Murilo, preocupado com os impactos na carreira política da esposa e nos negócios, trama um plano cruel: ele droga a amante e a submete a um aborto forçado. Ao acordar, ela descobre a violência sofrida e inicia uma jornada em busca de justiça e vingança.
Mesmo com um tema sensível, “Rosa dos Ventos” não defendia posições políticas ou religiosas. A proposta de Gloria era denunciar uma forma brutal de opressão contra mulheres que perderam o lugar de destaque social, sendo excluídas pela idade, classe e gênero. Apesar disso, a cúpula da Globo considerou a trama “pesada demais” para o horário nobre e optou por arquivar o projeto.
Gloria Perez, que já levou à TV temas como tráfico humano, intolerância religiosa e crimes cibernéticos, teria se recusado a modificar pontos centrais da história. Com isso, preferiu encerrar seu vínculo com a emissora. Agora, “Rosa dos Ventos” integra a lista de novelas ousadas que nunca chegaram à tela. No entanto, dependendo do acordo entre ambas as partes, a sinopse ainda pode ser aproveitada em outro canal ou streaming.