O Globoplay prepara uma série de estreias no seu catálogo neste mês de junho. Uma delas é o fenômeno de audiência Tieta. A novela baseada no romance Tieta do Agreste, de Jorge Amado, com direção de Reynaldo Boury, Ricardo Waddington e Luiz Fernando Carvalho. A direção geral foi de Paulo Ubiratan. A trama tem 196 capítulos e ficou no ar na TV Globo de agosto de 1989 a março de 1990.
A novela conta a história da jovem Tieta (Betty Faria), que é escorraçada da pequena cidade de Santana do Agreste, no Nordeste brasileiro, pelo pai, o miserável Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos), irritado com seu comportamento liberal e influenciado pelas intrigas da outra filha, a invejosa Perpétua (Joana Fomm). Rejeitada e humilhada, Tieta foge do conservadorismo local indo se estabelecer em São Paulo. Lá, ela faz fortuna, mas a família não sabe como. A única notícia que chega é por meio de uma polpuda quantia em dinheiro enviada todo mês, religiosamente, para o pai e as duas irmãs, Perpétua, a mais velha, viúva com dois filhos, e Elisa (Tássia Camargo), a mais nova, casada com o comerciante Timóteo (Paulo Betty).
Cerca de vinte anos depois, Tieta deixa de enviar dinheiro e reaparece na cidade decidida a se vingar do povo hipócrita que a julgou no passado. Ao chegar, encontra o comércio fechado por causa de uma missa que está sendo rezada em sua memória, já que todos achavam que tivesse morrido. Ela desfaz o mal entendido e altera a rotina da cidadezinha: os que a condenaram na juventude passam a cortejá-la, seja pela sua fortuna, pela exuberância de seus modos, ou pela generosidade. Tieta ainda seduz o sobrinho que não conhecia, o seminarista Ricardo (Cássio Gabus Mendes), filho da rancorosa Perpétua.
Vários bordões ficaram na memória do brasileiro. A personagem Dona Milú (Mirian Pires), fixou na cabeça de todos o bordão “mistééééério!”. Tonha (Yoná Magalhães) se despedia com um engraçado “te-chau!”. Timóteo (Paulo Betti) usava a expressão “nos trinques!” para salientar que algo estava bom, ou havia sido bem feito. Tieta, vez ou outra, exclamava “Eta lelê!”, como uma interjeição. E Modesto Pires (Armando Bógus) soltava um “u-u!” cada vez que queria a amante Carol (Luiza Tomé) em seu colo.
Segundo o site teledramaturgia, do jornalista Nilson Xavier, a novela teve problemas com a Justiça e com a Igreja Católica, que enquadraram a polêmica relação amorosa entre tia e sobrinho (Tieta e Ricardo) como um caso incestuoso. Outro tema polêmico abordado foi a pedofilia, porém de forma a não chocar o público. Ary Fontoura interpretou o coronel Artur da Tapitanga, que seduzia menores (que ele chamava de “rolinhas”) em troca de lar, comida e alfabetização. A única indomável foi Maria Imaculada (Luciana Braga), que se recusou a ceder às vontades do velho coronel.
Dois mistérios movimentaram a trama de Tieta. Perpétua (Joana Fomm) agarrava-se a uma caixa escondida em seu guarda-roupa. O conteúdo da caixa aguçou a curiosidade de todos mas nunca foi revelado. Especulava-se que seria o órgão genital do falecido marido da megera. No final, depois de Perpétua desmoralizada, o povo da cidade fez fila para ver o que havia dentro da tal caixa. Porém, apenas foi exibida a reação dos personagens, surpresa, assustada, enojada ou divertida. Também especulou-se quem seria a Mulher de Branco, uma misteriosa figura feminina que assombrava a cidade em noites de lua cheia e atacava sexualmente homens “indefesos”. Depois de várias vítimas, a identidade da assombração veio à tona: Laura (Cláudia Alencar), a fogosa esposa do Comandante Dário (Flávio Galvão), que já havia aceitado com naturalidade dividir os carinhos de seu marido com a jovem Silvana (Cláudia Magno).
Relembre a abertura de Tieta que tinha Isadora Ribeiro, exaltando a beleza feminina e elementos da natureza.