O Repórter Record Investigação desta quinta-feira (4), retorna a Brumadinho e encontra um cenário desolador. Dois anos depois do crime, as consequências ainda são devastadoras na vida das pessoas, que sofrem com problemas de saúde física e mental, crise financeiras graves e o medo de novos acidentes na região. Ao todo, foram 270 pessoas mortas após o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, no dia 25 de janeiro de 2019. Até hoje, 11 corpos ainda não foram encontrados.
À época do rompimento da barragem, o clima no Córrego do Feijão era de desespero. Casas embaixo dos rejeitos e pessoas aflitas. Agora só resta o silêncio das moradias abandonadas. “Aqui acabou o futuro. É triste demais ter que ir embora desse lugar. Não tem como ficar, não. É revoltante o que a Vale fez com a gente”, conta Wilson, um dos poucos que permanecem na região.
Mauro é outro impactado. Teve seu negócio destruído pela lama. Para garantir sua sobrevivência, hoje ele é obrigado a se desfazer do que conquistou durante anos de trabalho. “Meu pesqueiro não existe mais, os peixes estão mortos. Vendi tudo que tinha para sobreviver”, conta.
A crise não é só financeira Um levantamento da prefeitura de Brumadinho mostra que os atendimentos de saúde passaram de 104 mil em 2018 para quase 290 mil em 2019, o que representa um aumento de 177%. A saúde mental dos moradores também foi duramente afetada.
Moradores abalados
Claudinete perdeu o marido que estava trabalhando perto do restaurante da Vale. Quando a barragem estourou, o local das refeições acabou sendo um dos primeiros engolidos pelos rejeitos. Wagner não teve nenhuma chance. “Eu não saio de casa, eu fico deitada, choro todos os dias, não sei mais o que fazer da minha vida”, lamenta ela.
Recentemente mais um acidente fatal aconteceu em área da Vale. Julio César operava uma retroescavadeira numa região inclinada. Com tempo instável, a encosta cedeu e soterrou o funcionário. “Várias pessoas disseram aos gestores que naquele dia não havia condição de operar equipamento. Aí pediram ao meu irmão para subir no local. Aí aconteceu”, relata Daniel.
O jornalístico mostra ainda como uma obra gigantesca da Vale está mudando a rotina dos moradores de um vilarejo e o que essa obra tem a ver com o crime de Brumadinho. A reportagem é dos jornalistas Rogério Guimarães, Mariane Salerno e Leonardo Medeiros. A edição é de Aldrich Kanashiro.
O Repórter Record Investigação vai ao ar toda quinta-feira às 22h45, com apresentação de Adriana Araújo.
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