Uma carta enviada à cúpula da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) denunciam uma suposta censura que os jornalistas da emissora estatal estariam sofrendo, principalmente em casos polêmicos e de interesse público, como a cobertura das investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista.
Segundo informações do jornalista Robson Bonin (Veja), os jornalistas da EBC levaram mais de 15 horas para tocar no assunto revelado pelo Jornal Nacional que teve acesso ao depoimento do porteiro que citou o Presidente Jair Bolsonaro equivocadamente no interrogatório. Para piorar a situação, outros veículos da empresa nem teria noticiado.
“Exigimos respostas da direção e repudiamos mais uma vez a censura a que estão submetidos os veículos da empresa, que os impede de noticiar questões relevantes como essa”, diz o texto.
Leia também > PlayPlus anuncia investimento no serviço e se compromete a resolver erros
Ainda segundo os jornalistas, mesmo seguindo fielmente todos os eventos do presidente, nem sempre são cobertor pela emissora estatal: “A decisão editorial equivocada de silenciar, ou avaliar com longa espera, sobre a notícia mais importante do dia faz com que a EBC perca o respeito e a credibilidade perante a sociedade”.
Leia a carta na íntegra, enviada à diretora de jornalismo Sirley Batista:
“Prezadas Sirley Batista e Cristiane Samarco,
Os jornalistas da Empresa Brasil de Comunicação vêm, por meio deste, questionar o motivo que levou os veículos da EBC a entrarem tão tardiamente na cobertura da repercussão sobre as investigações dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Levamos mais de 15 horas depois da fala do presidente da República, que veio a público dar suas explicações, por meio de uma transmissão ao vivo nas redes sociais, para publicar a primeira reportagem sobre o assunto na Agência Brasil. Passadas mais de 17 horas o tema continua silenciado nas nossas rádios. Importante lembrar que se as reportagens de outros veículos nem sempre viram pauta na EBC, as transmissões da Presidência da República são, constantemente, cobertas pelos nossos veículos e estão sempre nas pautas. É grave a postura da empresa que foge do seu papel de noticiar oportunamente, com credibilidade e isenção esta informação. Tanto a sociedade brasileira como agências e veículos internacionais de notícias procuram a EBC como fonte de notícia. Exigimos respostas da direção e repudiamos mais uma vez a censura a que estão submetidos os veículos da empresa, que os impede de noticiar questões relevantes como essa. Nesse sentido, solicitamos uma audiência com a diretora de jornalismo com participação da ouvidoria da empresa para debater o silêncio, em alguns casos, e a demora em relação a esta pauta. Mais uma vez lembramos que a EBC é uma empresa de comunicação pública, com missão definida, função constitucional assegurada e um manual de jornalismo que deve nortear todas as nossas coberturas e não ser esquecido no fundo da gaveta quando convém. A decisão editorial equivocada de silenciar, ou avaliar com longa espera, sobre a notícia mais importante do dia faz com que a EBC perca o respeito e a credibilidade perante a sociedade, a quem devemos servir. Incapaz de fazer a pauta sumir dos noticiários, o silêncio da EBC sobre ela apenas torna patente para o cidadão a linha editorial chapa-branca que hoje vigora no jornalismo da empresa. Aguardamos uma resposta sobre nosso pedido de audiência.
Atenciosamente,
Comissão de Empregados”