O remake de Pantanal chega ao fim nesta sexta-feira (07) na TV Globo, e o autor Bruno Luperi avaliou a performance da trama escrita por ele, e criada pelo avô Benedito Ruy Barbosa. Em entrevista a colunista Patrícia Kogut (O Globo), o novelista afirmou que teria tomado algumas decisões diferentes se o folhetim tivesse sido uma obra aberta.
Entreguei o último capítulo na véspera da estreia. Se estivesse escrevendo hoje, com dez, 20 capítulos de frente, seria diferente. Porque a gente está vendo outras camadas. Conheço os personagens hoje. Depois que o ator atua, o diretor dirige e o público reage, você entende as coisas. O público é fator determinante no sucesso. Você pode escrever a melhor novela, mas, se ninguém assistir, vai ser um fracasso. Fazer diferente a gente sempre vai querer fazer. Se hoje recebesse o desafio de voltar para o capítulo um e escrevesse de novo, seria diferente.
Contou Bruno Luperi.
Apesar da novela ter sido uma obra fechada, o escritor se mostrou realizado com os rumos da trama.
Estou satisfeito com o resultado. O termômetro que meu avô tinha eu estou sentindo agora, que é quando o público quer escrever junto e até a crítica palpita sobre o rumo de um personagem. Isso é novela. Mas, depois que as decisões foram tomadas, olhar para trás e querer julgar é fácil. Naquela condição em que eu estava, faria do mesmo jeito. Hoje, faria diferente. Amanhã, faria diferente de hoje…
Revelou.
Após abordar temas como racismo, homofobia, direito da família, entre outros, Bruno deixou claro que foi transformado pelo projeto.
O que sinto do público é que a novela vai embora e deixa algo bonito. Acredito muito que estou deixando mensagens muito positivas, sejam políticas, ambientais ou comportamentais. Discutimos temas importantes, num linguajar palatável para o Brasil. Todo mundo consegue participar da discussão, é uma coisa democrática.
Disse.
Próximos passos
Aos 34 anos de idade, Bruno Luperi acumula em sua carreira outras novelas de sucesso como ‘Velho Chico’ (2016), em que dividiu a autoria com Edmara Barbosa. Em 2020, quando foi convidado para escrever ‘Pantanal’, o autor estava escrevendo a adaptação do livro ‘O Arroz de Palma’, para a faixa das 18hrs da TV Globo.
Estou em conversas com a Globo. Eu tenho muitas ideias. Mas tem um ciclo, e “O Arroz de Palma” faz parte de um ciclo importante neste momento. Quando me disseram que queriam que eu escrevesse “Pantanal”, respondi que ia retomar “O Arroz” depois da novela. Era o que estava averbado, foi o acordo. Nisso, mudou a direção inteira da Globo. Então, não tenho como adiantar nada. Vai ter coisa boa para vir, seja qual for, seja onde for. Eu quero escrever muito.
Declarou.
O roteirista revelou que tem outros projetos em andamento e que não se importaria de escrever uma novela em São Paulo.
Tem outros três temas em que que trabalho em paralelo. Como escrevo sozinho, como meu avô fazia, tenho que acabar um projeto para fazer outro. É dessa maneira que gosto de fazer. ‘Pantanal’ é uma novela com política, com um viés transformador da sociedade. Toca num Brasil profundo, foge do eixo padrão. Isso não quer dizer que no futuro eu não possa escrever novelas sobre São Paulo, por exemplo. Eu gosto é do Brasil. Tenho interesse em visitar nossa história, acho que ela precisa ser contada. É algo muito rico para ser esquecido.
Concluiu
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