A marca da Rede Manchete e o arquivo com mais de 25.000 títulos foram arrematados por cerca de R$ 500 mil em um leilão online. A emissora encerrou suas atividades em 10 de maio de 1999, depois de decretar falência. A identidade do arrematante não foi divulgada. Pode ser uma pessoa física ou jurídica que adquiriu tanto as fitas dadas produções e telenovelas como também a marca da Manchete.
Segundo o site da revista Exame, o leilão foi dividido em três lotes: a marca da extinta emissora, registrada no Inpi, o arquivo de fitas de telenovelas e minisséries e outro arquivo com fitas de programas diversos como jornalísticos e infantis. A avaliação inicial era de R$ 3 milhões. Já o arquivo de fitas de telenovelas saiu por R$ 240 mil. A marca TV Manchete, que estava avaliada em R$ 124,1 mil, foi arrematada por R$ 200,5 mil. Já o arquivo de programas diversos, antes avaliado em R$ 626 mil, foi arrematado pelo lance mínimo, de R$ 60 mil.
Patrimônio da TV brasileira
Não existe como deixar a história da Rede Manchete de fora da história da TV brasileira seguramente os R$ 500 mil arrecadados é pouco para o valor inestimável que esses arquivos tem. Programas como Documento Especial, Cabaré do Barata, Bar Academia, jornalísticos apresentados por Marcia Pertier, Marcos Hummel, Leda Nagle e outros, além das novelas como Pantanal, Dona Beija, A História de Ana Raio e Zé Trovão e Kananga do Japão. A emissora colocou no ar o Clube da Criança, com Xuxa e depois com Angélica. Sem contar as memoráveis transmissões do carnaval carioca que incluíam os desfiles na Sapucaí e os diversos bailes da cidade.
As novelas Xica da Silva e Tocaia Grande, não foram arrematadas no leilão porque pertencem à outra empresa do Grupo Bloch, dona na época da emissora, a Bloch Som e Imagem, uma das poucas empresas que sobreviveram à falência.
A falência
Apesar de vários sucessos artísticos, a emissora acumulou problemas administrativos e dívidas crescentes desde que foi inaugurada. No período em que esteve no ar, de 1983 a 1999, a Manchete chegou a ser vendida e retomada pela família Bloch, agravando a situação do canal. Entre 1992 e 1993 a IBF (Indústria Brasileira de Formulários) foi proprietária do canal e depois de uma disputa judicial voltou para os Bloch.
Quando encerrou suas atividades, em 1999, devia mais de seis meses de salários a mais de 1.500 funcionários.. As concessões da Manchete foram transferidas para a Rede TV!, que foi inaugurada em novembro do mesmo ano.
Para onde vai o dinheiro?
O passivo da Manchete é estimado em pelo menos R$ 115,7 milhões — a conta inclui apenas os credores que se habilitaram no processo de massa falida da empresa, que começou em 2002. O valor deve servir para pagamento de uma parcela de créditos trabalhistas de ex-funcionários da Manchete que estão habilitados na massa falida da emissora carioca. Vários ex-funcionários já morreram sem receber salários e direitos trabalhistas atrasados.
Ações na Justiça passaram a correr contra a Rede TV!, defendendo que a emissora era sucessora legal da Rede Manchete e deveria se responsabilizar pelos débitos da antecessora. Em 2009, a Justiça decidiu que a Rede TV! não poderia ser considerada sucessora do canal da família Bloch, estando isenta de dívidas trabalhistas, mas as disputas ainda seguem.
Reveja a histórica abertura do início das transmissões da Rede Manchete todos os dias:
Leia também: Leda Nagle posta vídeo com filho na bancada do Jornal Hoje