Quando li pela primeira vez que o KondZilla faria um projeto junto com a Netflix, pensei que se tratasse de um documentário. Mas não é que o cara, que se tornou mestre em produzir clipes de sucesso através do funk, agora resolveu se aventurar em uma obra seriada?
Tudo começou quando o empresário e produtor musical, Konrad Dantas, 30 anos, teve a ideia de produzir um curta sobre três jovens da periferia que queriam comprar um tênis caro. Escrita por Pedro Furtado, Guilherme Quintella, Duda Almeida e Thays Berbe, a ideia evoluiu e a trama ganhou cores mais fortes e ares mais complexos. Rita (Bruna Mascarenhas), Nando (Christian Malheiros) e MC Doni (MC Jottapê) formam o trio de protagonistas que seguem caminhos distintos, mas não perdem o elo da amizade que mantém desde a infância.
– Minha referência é a rua, a comunidade que eu cresci no Guarujá, Vila Santo Antônio, e as coisas que vi em São Paulo. É muito o olhar de uma pessoa que veio de uma favela do litoral para uma favela de metrópole. – Disse Konrad Dantas, dono do canal KondZilla no YouTube, em entrevista a Alessandro Giannini do Jornal “O Globo”.
Desde “3%” que a Netflix não lança uma série nacional capaz de virar febre no Brasil. O sonho da fama através do funk, religião e o mundo do crime sob os olhares de três jovens, são alguns elementos que juntos podem tornar a série um hit.
Fama e funk
O sonho de se tornar um MC famoso é o que move Doni, que na favela ostenta a imagem de playboy, já que é herdeiro de um mercado local. E entre os playboys fora do morro é só mais um garoto da favela. Encantado com o funk na periferia de São Paulo, não mede esforços para alcançar o seu objetivo. MC JottaPê, que interpreta o personagem, já participou de outras produções como “ O Menino da porteira”, ao lado do cantor Daniel, e da novela ”Chiquititas”.
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Igreja e fé
Rita ganha uns trocados vendendo DVDs piratas na rua, se envolve com droga ilícita, enfrenta problemas familiares, e uma escolha muda sua vida: decide entrar para a Igreja Evangélica. A carioca Bruna Mascarenhas, a intérprete de Rita, entrou aos 45 do segundo tempo na produção, tudo porque a atriz que havia sido escalada desistiu do projeto. Pelo trailer divulgado, sua atuação promete chamar atenção da crítica e do público.
Vida bandida
Nando encontra no crime uma forma de ascender financeiramente, e tirar dali o sustento de sua família, que conta com seu filho recém nascido. Ele sabe que vida de traficante não tem garantia nenhuma, a não ser cadeia ou morte, mas prefere correr riscos. O ator Christian Malheiros foi premiado na categoria “melhor ator” pelo filme “Sócrates” nos festivais International Filmfestival Mannheim-HeidelbergAlemanha e Festival MixBrasil de Cultura da Diversidade.
Com a realidade nua e crua de uma comunidade retratada em seis episódios, a trama possui ingredientes que prometem dar o que falar com cenas recheadas de palavrões, drama, ação e muita música. Por tudo o que representa, “Sintonia” tem fôlego para pelo menos se tornar uma série com grande repercussão. Com produção de Rita Moraes e Felipe Braga, os mesmos de “Samantha!”, direção de Konrad Dantas e Johnny Araújo, a série estreia dia 9 de Agosto na Netflix.