Durante muitos anos nos acostumamos ouvir o “Fala Garoto”, expressão de Serginho Groisman para dar voz à sua plateia no Programa Livre e Altas Horas. O termo surgiu na época do Matéria Prima, da TV Cultura, o embrião de tudo isso, porque a intenção do apresentador sempre foi fazer de seu auditório mais do que um grupo de estudantes para aplaudir os artistas no palco.
O “Fala Garoto” garantiu boas perguntas e abordagens curiosas a partir do olhar de fãs e de quem acompanha o mundo pop. Na época em que o Altas Horas era composto por caravanas com muitos jovens, os artistas já sabiam que alguma coisa diferente poderia aparecer.
De olho no público da TV
Mas, o tempo passou. Serginho Groisman já ultrapassou os 70 anos de idade, mas mantém a mesma vitalidade e, principalmente, a disposição de estar presente ao tempo e não preso ao que já fez. O apresentador sabe, como poucos, se moldar ao momento e entregar o que a televisão quer para o público que realmente assiste TV.
Ao olhar para tudo o que foi feito após a pandemia do Covid-19 fica muito claro um caminho trilhado por Serginho e sua equipe: programas especiais para resgatar grandes sucessos e mexer com o saudosismo do telespectador. E todos os envolvidos no Altas Horas sabem claramente que a audiência da TV aberta é mais velha, principalmente aos sábados.
Números justificam apostas no saudosismo
Isso mesmo! Já foi a época em que o grosso da audiência entre as emissoras abertas era formado por jovens. A TV está envelhecendo. Em São Paulo, por exemplo, 27% dos telespectadores estão no grupo 60+. Pessoas entre 35 e 49 anos respondem por 24% do público e 17% entre 50 e 59 anos de idade. Ou seja, são pessoas que assistiam TV nos anos 1970, 1980 e 1990. Assim, programas como o deste sábado (24/02) atendem em cheio a necessidade da Globo.
O Altas Horas deste fim de semana fez um especial sobre os artistas que brilhavam na década de 1970. Adriana, As Frenéticas, Ednardo, Hyldon, Lilian Knapp, Lady Zu, Lô Borges, Márcio Greyck, Peninha, Perla Paraguaia, Silvio Brito e Tony Tornado. No auditório não havia jovens, mas uma turma mais velha que cantou, dançou, interagiu e brincou bastante. Ou seja, atualmente, o “Fala Garoto” é para quem já tem os cabelos brancos, muitas lembranças e uma vontade de relembrar tudo isso.
Serginho Groisman e sua equipe entregam um programa feito para a televisão atual, ao contrário de muitos que insistem em encontrar a audiência jovem que não está na TV. E será que voltará? Em São Paulo, apenas 13% dos telespectadores estão entre 25 e 34 anos de idade e 6% entre 18 e 24 anos de idade.
Que o Altas Horas sirva de exemplo!
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