Os jornalistas alagoanos decidiram nesta quinta-feira (27), manter a greve que começou na terça-feira (25). Uma audiência foi mediada pelo Ministério Público do Trabalho em Alagoas (MPT/AL), com jornalistas e empresas de comunicação, mas após várias deliberações e questionamentos, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal) decidiram continuar a paralisação.
Segundo o presidente do Sindjornal, Izaías Barbosa, não houve negociação direta com as empresas durante a audiência: “Os superintendentes foram costurando as propostas. Eles falavam com a gente, depois falavam com eles [representantes das principais emissoras] e voltavam para gente. No final das contas, voltamos para o mesmo ponto”, afirmou ele durante a assembleia que aconteceu no auditório Marista, no bairro do Farol, em Maceió.
Um único avanço na audiência no MPT/AL, não chegou a ser documentado, de acordo com informações do secretário-executivo do Sindjornal, Thiago Correia: “Um procurado do MPT propôs que o atual piso fosse uma faixa intermediária para uma progressão salarial, porém o assunto foi extraoficial”, disse o secretário.
O que diz as empresas
Inicialmente a proposta das empresas é de que o atual piso dos jornalistas em alagoas, no valor de R$ 3.565.27, virasse o teto salaria da categoria. As empresas TV Gazeta/Globo, TV Pajuçara/RecordTV e TV Ponta Verde/SBT, propuseram também que este valor do piso atual seria reduzido em 40% o que daria um piso inicial de pouco mais de R$:2.100.
Já nesta quinta-feira, as empresas apresentaram ao Sindjornal um quesito que asseguraria os empregos: “Pelo prazo de seis meses [para os jornalistas], contados a partir da deflagração da greve, no último dia 25 de junho”.
Mas, de acordo com Thiago Correia as empresas não voltaram atrás quanto a redução salarial: “Os empresários estão irredutíveis em relação ao salário. Querem, de todo jeito, um piso salarial abaixo do atual”, disse o secretário do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas. Neste momento um jornalistas respondeu: “Nós também estamos irredutíveis”, disse ele. O auditório lotado confirmou em coro: “Irredutível”.
“Se aceitarmos esta proposta, são seis meses de estabilidade. Ou seja, ninguém pode ser demitido durante esse período. As empresas queriam que esse tempo fosse de 30 dias. A gente poderia aceitar essa proposta e retomar a greve a qualquer momento, mas será que teríamos esse poder de aglutinação de hoje?”, questionou Thiago Correia. Os profissionais presentes na assembléia gritaram: “não”.
A greve
Com grande adesão de jornalistas, estudantes da área e até mesmo a população, os profissionais entraram em greve na última terça-feira (25) com o intuito de evitar a perda de 40% no piso salarial.
O efeito da greve foi grande e rapidamente se espalhou pelas redes sociais, além de grandes portais de internet, mesmo com as principais emissoras de TV tentando driblar a paralisação contratando freelas e chamando profissionais de outros estados às pressas para tentar manter a programação. Na TV Pajuçara dois telejornais foram cancelados e a emissora mantém no ar apenas um apresentador.
Os jornalistas manterão a greve até pelo menos a próxima quarta-feira (03), quando acontecerá no Tribunal Regional do Trabalho em Alagoas (TRT/AL), o dissídio entre os representantes das empresas e os jornalistas.