O presidente da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), Jean Lima, criticou publicamente o fato de a Caixa Econômica Federal destinar R$ 25 milhões por ano à RedeTV! para exibir os sorteios das Loterias da Caixa. Durante participação no 1º Congresso Internacional de Emissoras Públicas, promovido pela USP, ele afirmou que esse investimento favorece uma emissora privada que tem menor audiência que a TV Brasil, principal canal da EBC.
A fala de Jean ocorreu durante um painel sobre combate à desinformação e financiamento de comunicação pública. O dirigente afirmou que, por limitações legais, a EBC é impedida de receber recursos oriundos de publicidade privada e de alguns contratos governamentais, o que restringe sua autonomia financeira. Ainda segundo ele, a TV Brasil é a quinta colocada em audiência, enquanto a RedeTV! ocupa a sexta posição, o que torna ainda mais contraditória a escolha da Caixa.
“A Caixa repassa R$ 25 milhões anuais para a RedeTV! transmitir no YouTube os sorteios da Loteria da Caixa. É um serviço que a EBC poderia prestar”, declarou Jean Lima, cobrando isonomia nos critérios de financiamento público.

A declaração repercute após denúncia feita com exclusividade pelo colunista Daniel Castro, do site Notícias da TV, publicada na sexta-feira (27). Segundo a reportagem, a RedeTV! está inadimplente com o FGTS de seus funcionários desde julho de 2023, acumulando uma dívida de R$ 10,5 milhões com o fundo. Ainda assim, a Caixa mantém o contrato para as transmissões.
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O levantamento da dívida ativa da emissora também revela um débito total de quase R$ 29 milhões com a União, incluindo valores devidos ao INSS. As informações constam no cadastro oficial de devedores da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.
Na mesma reportagem, a Caixa Econômica justificou que os repasses à RedeTV! se tratam de ações publicitárias, e não de patrocínios, o que, na visão do banco, isenta a exigência de certidão negativa de débitos trabalhistas e fiscais.
No entanto, os sindicatos dos Jornalistas e dos Radialistas de São Paulo discordam e pressionam para que o banco cumpra seus próprios regulamentos, suspendendo os contratos até que as dívidas sejam quitadas.