Ficar desconfortável ou numa possível saia justa não faz parte do repertório do mineiro Padre Fábio de Melo. Aos 46 anos, ele fala de tudo, absolutamente tudo, no Conversa Com Bial desta terça-feira (16/5). E, se para alguns religiosos certos assuntos são embaraçosos, como a vaidade, o Padre esclarece: ”Eu gosto de estar bem, isso é desde menininho. Eu nasci pobrezinho e minha mãe diz que eu sempre gostava de estar limpo, cheiroso, com o ‘cabelinho de cuia’ arrumado. Sei lá o que era aquilo. Meu pai não gostava muito daquele cabelo, mas desde pequeno consegui manter o corte que eu queria. Eu tinha um trauma de um corte que era o meia cabeleira.”
E essa vaidade, para ele, não tem relação alguma com o não uso da tradicional batina. ”Existem padres que ainda gostam do traje. Eu nunca usei, eu cresci numa congregação que já não tinha o hábito da batina. Sou filho de uma congregação fundada por um francês, um homem avançado para o tempo dele”, diz.
Quando a discussão segue para a possível existência do diabo, o religioso também fala com tranquilidade: “O diabo existe e tem suas filiais. A minha maior preocupação é quando identifico o que é diabólico em mim e é alimentado pela minha rotina”.
Alguns fiéis se preocupam tanto com essa temática que até buscam o padre para exorcismo. A resposta dele, para todos os casos, é única: ”Eu digo não. Cada um que expulse o diabo que criou. O diabo é seu, somente você tem autoridade de tirá-lo da ação”, diz, completando: “Se eu fico pensando no diabo como uma instância, eu perco a responsabildiade de reconhecer em mim o que é diabólico. Eu tenho atitudades diabólicas, você tem também”.
O Conversa com Bial vai ao ar após o Jornal da Globo.