O Roda Viva (TV Cultura) desta segunda-feira (22) exibiu o debate com a ex-procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Para falar com a convidada, o programa teve comando de Vera Magalhães e ainda contou com auxílio dos jornalistas Luísa Martins, repórter do Valor Econômico; Milena Sales, jornalista do portal jurídico Migalhas; Rafael Moraes Moura, repórter da coluna da Malu Gaspar, do jornal O Globo; Weslley Galzo, repórter do jornal O Estado de S. Paulo em Brasília; e Rodrigo Haidar, comentarista da Rádio Bandnews FM. Dentre os assuntos abordados, Raquel falou sobre a ‘Operação Lava Jato’, Jair Bolsonaro e ameaça à democracia.
Quando a sociedade civil se mobiliza com mais de 1 milhão de assinaturas, capitaneadas pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (SP), é sinal de que há uma concordância e de que há ataques institucionais reiterados vindo de pessoas e de grupos com essa finalidade contra as instituições, contra a democracia. Em 2019 eu notava sinais de que estava em curso, ataques a democracia brasileira. Eu cheguei a afirmar neste mesmo ano: ‘A democracia não é um caminho. A democracia é o caminho'”
Raquel Dodge
E continuou: “Em setembro de 2018 eu pedi ao Supremo que protegesse a democracia e creio que com muita nitidez, com trabalho reiterado e com muita aderência a maioria da sociedade civil, a Suprema Corte tem cumprido esse papel.”
Atirar na Petralhada
No período de candidatura à Presidência da República em 2018, Jair Bolsonaro (PL) usou o termo “atirar na petralhada” durante um comício no Acre, ao referir-se aos eleitores do PT. Baseado neste fato, Raquel foi perguntada sobre a denúncia que fez ao Supremo, na tentativa, também, de anular a candidatura de Jair: “Eu havia apresentado uma denúncia enquanto ao então Deputado relativo a uma manifestação que ele fez na hebraica, relacionado a uma frase que eu entendi que era discriminatória contra pessoas ‘de cor’ no país. Naquela ocasião eu estava convicta de que havia um crime a ser processado. A denúncia chegou a ser recebida pelo Supremo Tribunal Federal, mas o resultado foi um julgamento de 3 votos contra 2, o que mostra que também a Suprema Corte naquele momento tinha divergências internas sobre como interpretar a lei penal naquele episódio”, justificou.
Ainda sobre Bolsonaro, mas agora sobre o período pandêmico, Dodge afirmou: “Eu estou muito convicta de que o papel do Ministério Público é apresentar ao Judiciário as questões penais relevantes sempre que há matéria de fato e matéria de direito dizendo que ali há um crime. Esse trabalho da CPI da covid, por exemplo, trouxe à tona muitas questões importantes e eu acredito que este é um caso de que as investigações feitas pelo Poder Legislativo devem ser aprofundadas pela Polícia Federal. A aquisição das vacinas com antecedência podia ter salvado vidas. Se isso resulta de uma mera ineficiência administrativa pode não ser crime. Mas é preciso apurar a fundo”.
Além dos assuntos acima, a candidata ainda falou sobre a Lava Jato e sua atuação como procuradora-geral da República. Assista a entrevista completa:
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