A Polícia Civil ouviu nesta quinta-feira (18) os jornalista Marcelo Castro e Jamerson Oliveira, suspeitos de encabeçar um esquema de desvio de doações de telespectadores via Pix, de utilizando de um jornalístico da Record TV Itapoan.
Os depoimentos foram na Delegacia de Repressão aos Crimes de Estelionato por Meio Eletrônico (DreofCiber), que fica no bairro da Mouraria, Salvador (BA). Jamerson Oliveira chegou na delegacia por volta das 10h da manhã, acompanhado do seu advogado. Ele deixou o local no início da tarde, e surpreendeu ao aparece ao lado de Marcelo Castro, ex-repórter e apresentador da Record TV Itapoan. Os dois foram demitidos da emissora após as investigações internas apontarem os dois como principais suspeitos.
Ao deixar o local com Jamerson, Marcelo se recusou a falar com a imprensa. Já Jamerson se limitou a dizer que: “Com fé em Deus, tudo será esclarecido“.
Depoimento de Marcelo Castro
Nessa mesma quinta-feira, Marcelo Castro voltou a delegacia, desta vez para prestar o seu depoimento. Ele deixou o local por volta das 18h, e na saída resolveu falar com os repórteres que cobrem o caso.
Toda a verdade foi deixada agora aqui na delegacia, né? Graças a Deus eu tive a oportunidade de conversa de passar detalhes de contar tudo.
Marcelo Castro.
O que diz a Polícia?
Sobre os depoimentos, a Polícia informa que uma das chaves disponibilizadas para que os telespectadores fizessem transferências durante as reportagens pertencia a um amigo de infância de um dos investigados. No entanto, não foi informado se é um amigo de Marcelo ou Jamerson.
Porém, a instituição garante que esse mesmo amigo fez movimentações bancárias para as contas dos dois jornalistas. Sobre isso, Marcelo e Jamerson afirmaram que as transferências não teriam ligações com as doações, mas com pagamento de um “empréstimo em dinheiro vivo de dezenas de milhares”, que os dois teriam feito para o homem.
Confira a nota da polícia:
Foram ouvidos, na quinta-feira (18), na Delegacia de Repressão aos Crimes de Estelionato por Meio Eletrônico (DreofCiber), dois jornalistas suspeitos de uma fraude que consistia em arrecadar doações para pessoas em estado de vulnerabilidade social, sem repassar o valor para as vítimas. Em seus depoimentos, ambos informam que houve movimentação financeira entre eles, jornalistas. Um dos titulares de chaves Pix utilizadas na fraude é amigo de infância de um dos dois. No entanto, ambos justificam que tal movimentação foi em razão de um empréstimo em dinheiro vivo de dezenas de milhares a este amigo.
Foi ouvido também o titular da conta bancária ligada à chave Pix que apareceu na tela da TV, no caso que contou com a ajuda de um jogador de futebol. Este titular afirmou que emprestou sua conta para o amigo de infância de um dos jornalistas, fornecendo à Polícia, inclusive, seus extratos bancários. Verificou-se que há uma grande divergência entre o valor total doado e a quantia repassada: houve apropriação de cerca de R$ 70 mil provenientes destas doações, valor do qual a contribuição do jogador não fazia parte. Os demais titulares das chaves Pix são pessoas ligadas, direta ou indiretamente, a esse amigo de infância de um dos suspeitos.
Um dos jornalistas alegou que a entrada do montante em sua conta tinha origem no fato de que pessoas pagavam para ter seus nomes citados no ar e que mentia ao citar os nomes dessas pessoas como doadoras.
O inquérito está em andamento e encaminha-se para a conclusão.
O Golpe do Pix na Record TV
De acordo com a polícia, o esquema desviava dinheiro que era supostamente arrecadado para ajudar pessoas em vulnerabilidade social que faziam apelos no campeão de audiência da Record TV Itapoan, o Balanço Geral, no qual Jamerson era editor chefe.
De acordo com as investigações, a chave pix que aparecia no ar não era de quem havia feito o pedido, mas sim de um laranja que fazia parte do golpe do pix.
O caso veio à tona no dia 10 de março, após o apresentador José Eduardo Bocão desconfiar que algo de errado estava acontecendo.