O remake de Vale Tudo (TV Globo) pode até ter batido recorde no Globoplay, mas a forma como a emissora escolheu divulgar esses números deixa mais perguntas do que respostas. A plataforma falou em “maior alcance da história”, mas não abriu os números exatos — detalhe que faz toda a diferença quando se quer medir sucesso de verdade.
No comunicado enviado à imprensa internacional, e obtido pela coluna com exclusividade, a Globo exaltou o tal “impacto” nas redes sociais. Foram mais de dois milhões de menções e a hashtag #ValeTudo ficou entre os assuntos mais comentados do Brasil por 200 horas. Parece muito, mas convenhamos: nem todo esse barulho foi positivo.
Grande parte da repercussão veio das críticas pesadas ao remake, que não param de pipocar. O público reclama do texto irregular, das mudanças bruscas no roteiro original e da forma rasa com que temas delicados são tratados — como o drama da leucemia vivido por Afonso (Humberto Carrão), resolvido em questão de dias. Para completar, erros técnicos seguem se acumulando, comprometendo a credibilidade da produção. No caso mais bizarro, um personagem chegou a aparecer com três mãos em cena.
E não foi só isso. Outro deslize constrangedor, flagrado pela própria coluna, aconteceu quando Fátima (Bella Campos) gravava um vídeo com o celular na vertical, mas a exibição mostrava a imagem em horizontal. A cena ainda alternava entre os formatos, ignorando até a posição real do tripé. Um detalhe simples, mas que expõe a falta de cuidado.
Apesar das falhas, a Globo insiste em destacar que mais de 134 milhões de brasileiros já assistiram à novela. Um número robusto, sem dúvida, mas que não apaga o descompasso entre expectativa e entrega. O que deveria ser uma celebração dos 60 anos da emissora virou, em muitos momentos, motivo de piada nas redes.
Vale lembrar que a nova versão de Vale Tudo foi vendida como um resgate de um dos maiores clássicos da dramaturgia, assinado por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères em 1988. Mas, na prática, o que se vê é um produto com assinatura de Manuela Dias (Amor de Mãe, Justiça) e direção de Paulo Silvestrini (Vai na Fé) que, até aqui, está mais associado às polêmicas do que ao prestígio.