Na noite deste sábado (30), muitos telespectadores ficaram surpresos pela falta de registros da final da Libertadores no ‘Jornal Nacional’. O fato chamou ainda mais atenção após William Bonner justificar o uso de fotos no lugar do vídeo. O canal acusou o SBT, detentor dos direitos da competição, de não ter enviado as imagens “a tempo”. No entanto, emissoras como Band e Record TV exibiram o material muito antes do JN.
Mesmo considerando a justificativa da emissora carioca, que reservou 3 minutos para uma reportagem sobre a final, o histórico do canal demonstra uma dificuldade em lidar com perdas para a concorrência.
Em 2011, a Globo foi acusada pela Record TV de usar imagens dos Jogos Pan-Americanos sem permissão em seus telejornais. Após uma confusão, a emissora reconheceu o erro mas culpou uma agência de notícias que enviou as imagens, afirmando que ela não havia informado sobre o “embargo para o Brasil”. No entanto, foi a emissora que procurou a APTN para tentar driblar o uso de imagens da concorrente.
Na ocasião, a Record TV disse ao UOL Esportes, que a a concorrente não assinou um “Instrumento de Disponibilização de Imagens”, oferecido pela Record a todas as emissoras brasileiras. SBT, Cultura, RedeTV!, Band, BandSports, BandNews e TV Brasil assinaram o documento.
Um ano depois, após ter perdido os direitos de transmissão das Olimpíadas de Londres também para o Grupo Record, a Globo preferiu comprar da OBS (Olympic Broadcast Services) um pacote para utilizar imagens em seus telejornais. Este pacote foi oferecido a empresas não detentoras de direitos dos Jogos por 6 mil libras (cerca de R$ 19 mil). Assim, a emissora se comprometeu a sempre creditar as imagens à Record TV, mas não precisa mostrar a logomarca da concorrente, o que teria de fazer se utilizasse as imagens cedidas de graça.
Em 2019, o ‘Jornal Nacional’ mais uma vez surpreendeu ao não exibir imagens dos Jogos Pan-Americanos de Lima. Nesse caso, o canal decidiu nem pagar por um pacote de imagens, optando por exibir apenas fotos do COB (Comitê Olímpico no Brasil).
Em pleno 2021, a cena se repetiu com o SBT e a final da Libertadores. Sem os direitos de transmissão por ter rescindido o contrato em agosto, a emissora usou fotos no lugar do registro em vídeo distribuído pelo SBT para a Band, RedeTV e Record TV, como exemplos.
Um detalhe, capricho ou orgulho que não cabe mais em uma das maiores emissoras do mundo. Fica o questionamento: será que a Globo ainda não sabe perder?