O fim da parceria entre o SBT e o Prime Video para a produção de novelas é mais um capítulo na história de revisão de planejamento das plataformas digitais. A notícia divulgada por Flávio Ricco se transformou, nesta sexta-feira, rapidamente num dos assuntos mais falados entre profissionais do audiovisual e traz reflexões e preocupações.
De um lado há quem afirme que o encerramento da parceria entre a plataforma digital e o SBT é simplesmente uma correção de rotas. E fala isso porque, em breve, será lançado o +SBT. E nada mais natural do que a TV concentrar seus principais produtos no serviço de streaming. Entretanto, muitos lembram que A Infância de Romeu e Julieta não teve força para atrair audiência para a TV aberta e digital. Com resultados abaixo do esperado não há como o Prime Video justificar a manutenção de investimentos em dramaturgia infanto-juvenil.
Mas, esses mesmos profissionais ressaltam que, nos últimos anos, as plataformas digitais apostaram no desenvolvimento de novelas ou produtos similares para tentar aumentar o número de assinantes. Os resultados de Verdades Secretas 2 e Todas as Flores no Globoplay estimularam os concorrentes. Na HBO Max e na Netflix essa dramaturgia nacional aguarda sinal verde para a estreia. Mas, o Prime Video se antecipou e fechou a parceria com o SBT.
Outras plataformas podem rever investimentos
Entre os profissionais do audiovisual o medo é que a decisão do Prime Video leve outras plataformas a rever seus investimentos em novelas. Isso reduzirá drasticamente o espaço conquistado pelas produtoras independentes. Além disso, fecha um mercado que já não é dos melhores para autores, atores e produtores.
Desde que a Globo começou a abrir mão de contratos fixos, assim como fez a Record antes da pandemia, muitos artistas encontraram nessas produções para o digital o local para o trabalho. É verdade que os valores não são os mesmos praticados no passado pela Globo ou Record quando as duas disputavam estrelas para suas novelas. Então, o receio é que ocorra uma retração.
As grandes empresas de comunicação no mundo começaram a rever a necessidade de tantos serviços de streaming e a analisam sua viabilidade econômica. A tendência é que as corporações que possuem vários canais concentrem todos os títulos numa mesma plataforma e, desta forma, cortem gastos com estruturas e sistemas.
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Será que vale mesmo investir em mais streaming?
Além disso, uma outra discussão segue em paralelo. Talvez seja mais eficiente uma TV ou produtora criar e desenvolver sua dramaturgia e programas, ganhar na transmissão tradicional e, depois, vendê-las para um grande serviço de streaming.
Muitos executivos afirmam que está caro demais concorrer com a Netflix, que está há anos no mercado, já enfrentou crises e desafios, e tem uma audiência mundial que a torna mais rentável.
Agora é aguardar como o mercado aqui no Brasil vai reagir nessa fase de revisão dos serviços de streaming.
Canal do Vannucci
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