A Justiça de São Paulo negou o pedido de reintegração do jornalista Elian Matte à RECORD. Matte, que era roteirista do Câmera Record, estava afastado desde que denunciou Márcio Santos, então diretor de Recursos Humanos da emissora, por assédio. Santos foi posteriormente demitido e indiciado pela Polícia Civil.
Matte foi desligado da empresa em abril, após alegar ter sofrido crises de pânico e ser diagnosticado com síndrome de burnout. Ele apresentou laudos médicos e argumentou que não deveria ter sido demitido devido à condição psicológica que desenvolveu enquanto exercia sua profissão. Matte categorizou o burnout como “acidente de trabalho” e solicitou uma tutela de urgência para que a emissora o reintegrasse ao seu cargo. Até então, o jornalista trabalhava em home office.
A 31ª Vara do Trabalho de São Paulo concedeu a tutela de emergência em 23 de maio e ordenou que a emissora o recontratasse em dez dias, sob pena de multa. No entanto, a Record recorreu à decisão em primeira instância e venceu. A empresa alegou que não era responsável pelos problemas psicológicos do ex-funcionário.
Apesar de Matte ter apresentado novos documentos para sustentar sua versão inicial, a desembargadora Regina Aparecida Duarte entendeu que ele não sofreu um “acidente de trabalho”. Agora, de acordo com informações divulgadas pelo Notícias da TV, na decisão de 26 de junho, a reintegração de Elian Matte na Record foi negada pela segunda vez.
“No caso sob análise não há, em princípio, qualquer ilegalidade ou ato abusivo praticado pela autoridade dita coautora, capaz de ferir direito líquido e certo do impetrante, que pretende revolver matérias afetas ao mérito da tutela concedida. Em consequência, indefiro o pedido liminar”, afirmou Regina Aparecida Duarte.
Entenda o caso
Em 14 de novembro de 2023, o jornalista Elian Matte denunciou Márcio Santos, então diretor de Recursos Humanos da Record, por abuso sexual no ambiente de trabalho. Matte alegou que Santos enviava regularmente mensagens e fotos de conteúdo sexual, além de imagens do próprio Matte capturadas pelo circuito interno de câmeras da empresa.
Matte relatou que Santos fazia pedidos insistentes para encontros pessoais e que, apesar de suas recusas, continuava a receber mensagens inapropriadas. O jornalista cedeu aos pedidos por medo de perder o emprego, mas a situação piorou quando Santos começou a usar a estrutura da TV para monitorá-lo.
Após relatar o problema para Antonio Guerreiro, vice-presidente de Jornalismo da Record, e apresentar as mensagens trocadas, nenhuma ação foi tomada pela emissora. Como última medida, Matte denunciou o caso à polícia.
Márcio Santos foi demitido da Record em 11 de abril e indiciado pela Polícia Civil de São Paulo sob suspeita de cometer o crime. Matte, por sua vez, foi afastado de seu cargo e depois retornou, trabalhando em home office, após ser diagnosticado com síndrome de burnout.