O Facebook vive um verdadeiro “dia de cão”. Além de enfrentar uma falha global que atinge também o Instagram e WhatsApp, a empresa ainda vai ter que lidar com as acusações de uma ex-funcionária da rede social.
Um mês depois de denunciar informações internas do Facebook ao Wall Street Journal, Frances Haugen mostrou a face pela primeira vez numa entrevista ao programa ‘60 Minutes‘, da rede de televisão americana CBS. A conversa foi ao ar neste domingo (03).
Frances se demitiu da empresa em maio deste ano, mas copiou milhares de documentos internos que mostram como a rede social sabia dos perigos que representava, principalmente em relação aos adolescentes no Instagram, mas teria preferido manter os lucros.
“Aquilo que eu vi no Facebook uma e outra vez foi que havia conflitos de interesse entre o que era bom para o público e o que era bom para o Facebook. E o Facebook, uma e outra vez, optou por otimizar os seus próprios interesses, como fazer mais dinheiro”,
disse ela à CBS.
A cientista de dados Frances Haugen, 37 anos, tem passagens por outras gigantes do mercado, como Google e Pinterest, e se especializou na criação de algoritmos que decidem o que as pessoas irão visualizar em seus feeds. Ela garante que o Facebook é “substancialmente pior” que tudo o que já viu antes.
Segundo Haugen, mesmo com os compromissos públicos do Facebook no sentido de mitigar os efeitos do discurso de ódio na internet, a verdade é outra, bem oposta. Ela explica que o algoritmo da rede social escolhe os melhores conteúdos com base em interações antigas do utilizador, mas também com base nas emoções — e está otimizado “para conteúdo que tem interações, ou reações”. Porém, “a investigação interna mostra que com o conteúdo de ódio, divisivo e polarizador é mais fácil inspirar a raiva do que com outras emoções”
“O Facebook ganha mais dinheiro quando você consome mais conteúdo. As pessoas gostam de se envolver com coisas que provocam uma reação emocional. E quanto mais você sentir raiva, mais vai interagir, mais vai consumir “.
Frances Haugen
O outro lado
O Facebook nega veementemente todas as acusações que forma publicadas pela primeira vez no Wall Street Journal. O vice-presidente de relações globais da rede social, Nick Cleeg, publicou diversos tuítes no último dia 18 de setembro, apontando erros nas matérias.
De acordo con Nick, as informações de que o Facebook ignora pesquisas inconvenientes são “falsas”. Já sobre os documentos vazados, a rede social afirma que, “eles foram divulgados ao público sem contexto”.
O Facebook ainda garantiu: “Todos os dias, nossas equipes trabalham para proteger a capacidade de bilhões de pessoas de se expressar abertamente e, ao mesmo tempo, manter nossa plataforma um lugar seguro e positivo”, disse em nota enviada ao portal g1, em reportagem sobre o mesmo assunto.