Citado em reportagem sobre um processo judicial envolvendo ex-autores da Record TV, o escritor Emilio Boechat veio à público desmentir a versão do site Notícias da TV. Ao contrário do que diz a matéria publicada nesta quarta-feira (31), o autor afirma que nunca se “sentiu coagido” pelo canal para se converter a nenhuma religião. Por sua vez, a emissora também já se pronunciou sobre o caso e diz que tomará medidas legais.
Em um desabafo publicado nas redes sociais, Emilio começa falando sobre a falta de interesse da reportagem, assinada pelo jornalista Gabriel Vaquer, em procurá-lo para dizer sua versão sobre os fatos. Nesse sentido, ele desmente a informação que a sua demissão se deu por conta da Igreja Universal.
Fiquei bem surpreso ao ser citado nessa matéria sem ter sido ao menos contactado pela “reportagem”. Quero esclarecer que eu não fui demitido da Record e enquanto estive lá nunca me senti coagido a “me converter” a religião A ou B. Eu saí da emissora por vontade própria. Pedi a rescisão amigável do meu contrato, no que fui prontamente atendido, e deixei a novela Gênesis (onde meu nome nem aparece nos créditos por pedido meu). Isso ocorreu em janeiro de 2020.
O dramaturgo fez parte de vários sucessos como Rebelde (2011), Os Mutantes (2009), Os Dez Mandamentos (2015), Apocalipse (2017), entre outros.
A frase polêmica
Sobre a sua saída da Record TV, ele enfatizou que se deu apenas por “motivos artísticos”. E explicou a frase polêmica, citada em um processo movido por outra ex-autora da emissora.
Paula Richard estaria colocando a Record na justiça por conta de divergências com Cristiane Cardoso, atual diretora da teledramaturgia. Assim, de acordo com o Notícias da TV, a autora da novela Jesus está processando Cardoso por acreditar que foi demitida por preconceito religioso.
No processo em questão, foi anexado uma frase dita por Emilio Boechat em um comentário no Instagram. “O que esperar de uma emissora que entregou a dramaturgia nas mãos de amadores cujo compromisso é apenas divulgar os dogmas de uma igreja específica? Tenho pena dos atores e demais profissionais que se submetem a essa humilhação porque precisam do dinheiro”, escreveu ele na ocasião.
Porém, Boechat afirma que teve a frase citada fora de contexto.
Mas os motivos de minha saída foram artísticos. Sobre minha frase de 2021 (citada fora de contexto, um comentário no Instagram sobre a queda de audiência na dramaturgia) dizia respeito aos novos rumos artísticos, que eu lamentava pois durante quase duas décadas a Record tinha aberto um importante mercado de trabalho para inúmeros profissionais com produtos de qualidade como Luz do Sol, Pecado Mortal, Poder Paralelo, Vidas Opostas, Cidadão Brasileiro, Escrava Isaura, entre outros.
O escritor reafirmando que não sofreu preconceito religioso, mas defende os direitos se algum outro colega passou por tal situação.
Não conheço a realidade de outros profissionais, mas esse tipo de preconceito eu não vivi. Obviamente, se há práticas contratuais que vão contra as leis essas devem ser investigadas e os autores protegidos em todos os seus direitos, tanto autorais como trabalhistas.
Record TV não tem religião
Procurada, a Record TV se defendeu das acusações citadas no site do UOL, afirmando que é contra qualquer tipo de preconceito e diz que tomará providências judiciais.
Veja o comunicado:
A Record TV vem a público declarar que é contra qualquer tipo de intolerância, inclusive a religiosa. Portanto, o Grupo Record anuncia que tomará todas as providências judiciais necessárias com relação a acusação sofrida hoje.