“Bom dia, Verônica” é uma das melhores produções nacionais da Netflix na safra de 2020. Não tem para ninguém! O roteiro pertence a uma dupla que vale prestar atenção: Raphael Montes e Ilana Casoy. São os mesmos criadores do livro homônimo do qual a série se baseia. Porém, o cuidado em apresentar novidades na versão seriada chama atenção. Por exemplo, a personagem Anita (Elisa Volpato), uma vilã, não marca presença no livro.
A direção fica por conta de José Henrique Fonseca, diretor do filme “Heleno” e da série “Mandrake” da HBO, duas vezes indicada ao Emmy Internacional de melhor série dramática em 2006 e 2008.
Verônica Torres (Tainá Müller) é uma escrivã de polícia que trabalha em uma delegacia de homicídios em São Paulo. Casada e com dois filhos, sua rotina acaba sendo interrompida quando testemunha o chocante suicídio de uma jovem mulher. Na mesma semana, recebe uma ligação anônima de uma mulher desesperada que pede ajuda. A escrivã se vê no meio de uma investigação sobre um golpista que maltrata mulheres, e de um serial killer. Verônica é uma espécie de super heroína, só que sem super poderes.
A série protagonizada por Tainá Müller tem tudo para se tornar o hit do ano e eu posso provar.
Envolvente
Não é segredo para ninguém que o público brasileiro, em sua grande maioria, está acostumado com as novelas. Parece que os roteiristas sacaram essa informação e ao invés de colocarem casos para serem resolvidos no mesmo episódio, como “CSI” ou “How To Get Away With Murder” por exemplo, criaram tramas para serem acompanhadas ao longo da temporada, com os mesmos personagens e seus desdobramentos. Vide a trama de Brandão (Eduardo Moscovis) e de Pietro (Sacha Balli). Com o roteiro ágil e cheio de conflitos, é o tipo de série pra maratonar e arrisco dizer que dificilmente você ficará só no primeiro episódio. Prende do começo ao fim.
Originalidade
Estamos falando de uma história bem construída, com personagens humanos e cheios de facetas. O universo do serial killer Brandão (Eduardo Moscovis) é muito rico, e seus elementos tornam a série original e inesquecível. Como não lembrar da caixa de pássaros na cabeça de Janete (Camila Morgado)? Agora fica difícil olhar para uma gaiola e não lembrar da passarinha.
Se você se acostumou com séries óbvias, daquelas que é fácil adivinhar o que vai acontecer nas próximas cenas, se prepare para as surpresas.
Violência Contra A Mulher
Esse tema sempre atual, infelizmente, precisa estar em voga e ser debatido. A série o aborda de forma inteligente, mostra de forma realista o drama das relações abusivas e faz refletir. No final de cada episódio é exibida a seguinte mensagem: “Se você ou alguém que você conhece sofre com violência e abuso, e precisa de ajuda para encontrar recursos de apoio, acesse: www.wannatalkaboutit.com “.
Atuações
A dobradinha entre Camila Morgado e Eduardo Moscovis é um dos destaques do seriado. Os dois , sempre muito á vontade em cena, entregam um verdadeiro show. Tainá Müller se garante no papel difícil da heroína que não é uma mocinha convencional, e seu carisma salta os olhos. O trio famoso por atuar em novelas da Globo não está no elenco por acaso, já que a Netflix resolveu investir em rostos globais para atrair mais espectadores.
Elisa Volpato e Marina Provenzzano são atrizes desconhecidas do grande público, mas com grande potencial. A primeira consegue ser odiada facilmente no papel da vilã Anita, e a segunda brilha como Janice, a irmã de Janete (Camila Morgado).
Final Eletrizante
O que falar do final? Sem muitas palavras, se não o spoiler vem! Só digo uma coisa: vale a pena assistir os oito episódios da primeira temporada, porque o final apresenta um total de zero defeitos. Algumas questões são solucionadas e outras ficam em aberto propositalmente, como um “ganchão” para uma nova temporada . Podemos esperar mais suspense, terror psicológico e justiça na continuação que deve ser confirmada em breve.
Termino esse texto com o seguinte desejo: Bom dia, Verônica!