“Na televisão nada se cria, tudo se copia”, já dizia Chacrinha. E ele nunca esteve errado, muito pelo contrário. Ao longo desses quase 75 anos, o público acompanhou a estreia de muitos programas que eram a cópia de alguma outra atração, mas com um tiquinho de mudança. Ou então, viagens para o exterior se transformavam no melhor “momento de criatividade”. Muitos voltaram dos Estados Unidos e Europa cheios de “novos programas”.
Mas, com o crescimento das grandes produtoras internacionais e desenvolvedores de formato, ficou muito mais difícil roubar uma ideia. A Endemol, por exemplo, provou na Justiça que A Casa dos Artistas possuía todos os elementos do Big Brother, mesmo com a estreia do “formato do SBT” antes do reality consagrado no mundo inteiro. Com essa dificuldade maior surgiu um novo profissional: alguém capaz de adaptar os formatos e quebrar os direitos autorais ao incluir uma ou outra regra diferente.
Caldeirão recicla muitas ideias e quadros
Fiz essa introdução para chegar no Caldeirão, atualmente comandado por Marcos Mion. O programa sempre é citado nas redes sociais por ter “se apropriado” de algum quadro de outro programa. O maior exemplo é a homenagem feita a cantores com depoimentos de artistas e presença de muitos deles no auditório. Ué, o Altas Horas já não faz isso? Sim, mas dá uma mexidinha em alguma coisa e … pronto: tá diferente.
A atual temporada do Caldeirão aposta em dois quadros que marcaram a televisão e que foram sucesso no Domingão do Faustão. O “Sobe o Som” é o “Ding Dong” repaginado. Duas duplas tentam acertar qual o cantor que se apresentará no palco. Ao invés de um som da campainha, a banda ao vivo acrescenta instrumentos musicais. Parece diferente, mas a essência é a mesma: reunir no programa sucessos de todas as épocas e gêneros.
E não para por ai. O “TV Teca” é o “Controle Remoto” repaginado. É um game com base na programação da Globo e mundo pop. Só que lá nos anos 1990, Faustão contava com Stella Freitas e Pedro Cardoso para confundir ou ajudar os concorrentes anônimos. Agora, em 2024, artistas disputam o jogo e Dani Calabresa, Evelyn Castro, Jojô Todinho, Lúcio Mauro Filho, Luis Miranda e Welder Rodrigues dão as pistas falsas ou verdadeiras. Só que agora trazem um pouco do antigo “Jogo da Velha”, que o próprio Faustão comandava.
Ou seja, o que assistimos atualmente no Caldeirão tem inspirações em jogos e formatos consagrados. Eles ganharam novos elementos. Só por isso podemos afirmar que são novidades? Ou são cópias? Não sou contra a esses resgates, muito pelo contrário. “TV Teca” é bem divertido e faz o tempo passar. Mas, fundamental deixar claro que alguém olhou para o que se fez no passado para produzir a televisão da atualidade.
Audiência deste fim de semana
Neste sábado (27/01), o Caldeirão marcou 12,1 de média em São Paulo, o equivalente a 29,6% do público do horário. No Rio de Janeiro, o programa de Marcos Mion fechou com 13,0 de média, o que corresponde a 26,7% de share.