O ator Bruno Fagundes concedeu uma entrevista ao Podcast CARAS, em episódio lançado nesta quinta-feira (27), e afirmou que a peça teatral “A Herança”, que aborda a temática LGBTQIA+, sofreu boicote do governo Bolsonaro.
Segundo o ator, a verba da produção do espetáculo sofreu um bloqueio pelo governo passado. Dessa forma, ele teve que pagar o espetáculo por conta própria até conseguir a liberação do dinheiro e o consequente reembolso. Além disso, antes da aprovação da peça, Fagundes conta que passou cinco anos tentando financiamento.
“A gente estreou dia 9 de março, até 20 de março nossa verba estava bloqueada por conta governo passado. Eu paguei do meu bolso, sabendo que ia ter o reembolso em algum momento. A gente não só teve só um governo que dificultou, ele foi anti-cultura mesmo. E a gente fez tudo absolutamente certo, tudo correto, a gente buscou a aprovação necessária, a gente fez um projeto extremamente redondo. Mas tinha uma agenda anti-cultura. Então, agora, melhorou muito, só da gente ter um ministério”, desabafou Bruno Fagundes.
Dessa forma, com o boicote que teria sido feito pelo governo Bolsonaro, Bruno Fagundes afirmou que, mesmo após a liberação da verba, a produção enfrentou dificuldades. Nesse sentido, o ator aponta que se ele não tivesse dinheiro para produzir a peça, ela não teria sido realizada.
Aliás, o ator ainda criticou a falta de incentivo do Estado brasileiro à produção cultural.
“Eu tenho um amigo diretor, o Ulysses Cruz, que fala que o teatro no Brasil só existe porque tem um bendito de um ator em cena que quer fazer aquilo. Se não, o teatro no Brasil não ia existir. Parece uma besteira falar isso, mas quando você para e pensar quantas outras iniciativas culturais só existem porque uma pessoa falou ‘eu vou fazer isso de qualquer jeito’. O Estado brasileiro não facilita a produção cultural. E quando eu falo cultura não é só teatro, é balé, sinfônica, circo, livro, podcast… sabe? Meu Deus, é muito difícil, é muita luta!”, concluiu.
A entrevista na íntegra está disponível abaixo:
Peça A Herança
“A Herança” é um sucesso da Broadway e veio para o Brasil por iniciativa de Bruno Fagundes e o diretor Zé Henrique de Paula. Dessa forma, os dois são idealizadores e produtores do projeto.
A peça conta com a participação dos atores Reynaldo Gianecchini, Marco Antônio Pâmio, Rafael Primot e André Torquato, além de uma participação especial de Miriam Mehler.
A produção aborda o que é ser gay desde a década de 80 e é uma discussão entre gerações sobre pertencimento, amadurecimento e amor com a temática LGBTQIA+.