Após 35 anos de serviços prestados, o repórter esportivo Tino Marcos anunciou sua saída da Globo na manhã desta terça (02). Em uma postagem nas suas redes sociais, o jornalista agradeceu a emissora e ao público de todas as gerações em que participou.
“Sabedor de que chegaria, vira e mexe eu pensava nele: o dia em que sairia da Globo. Ele deveria ser planejado pra, então, ser festejado. E chegou desse jeitinho mesmo. Com uma sensação bombando, justo a que eu mais desejava: a gratidão. Obrigado a tantos, de tantas gerações”, contou o repórter.
Ao longo de sua trajetória na emissora, Tino participou da cobertura de oito Copas do Mundo, seis Jogos Olímpicos, além de 30 anos acompanhando a Seleção Brasileira. Na Globo, também foi apresentador da edição nacional do Globo Esporte, durante os anos de 2007 e 2009. Ele fica na emissora até o final de fevereiro, quando encerra uma série de reportagens especiais que vai ao ar em julho, no Jornal Nacional.
“Nesses anos todos eu fiz tudo. Não tem lacuna. Fui a Pan-Americano, Sul-Americano… Tudo. A palavra mais forte de tudo é gratidão. Gratidão à vida por ter me permitido… Por eu ter podido fazer aquilo que, para mim, sempre foi uma diversão. Sempre sonhei com uma despedida da Globo alegre, leve. Me preparei para isso gradativamente. Tive a cumplicidade total da direção na condução desse tipo de modelo”, explica Tino.
“A pandemia é uma variável decisiva nesse processo. Tornou inviável o modelo de trabalho que eu vinha tendo, voltado para matérias com mais fôlego, séries, grandes produções. Isso se resumiu muito. E tem todo um contexto. Minha filha se formando na faculdade, minha esposa se aposentando esse ano, eu perdi os meus pais. A vida, 2021, está me trazendo muitas novidades. Por agora é isso aí. Viver essa pandemia, ficar em casa o máximo que eu posso. O que eu gosto mesmo é de produzir conteúdo, contar histórias”, completou.
Desde de julho de 2019, Tino já havia pedido para direção da emissora reduzir sua carga de trabalhos, em busca de se dedicar a outros projetos pessoais. Foi então, que ele deixou a cobertura da Seleção Brasileira, sendo substituído por Mauro Naves e Eric Faria. Atualmente, o jornalista vinha produzindo reportagens especiais e participando do podcast e quadro esportivo ‘Tino Marcos Uchoa’ no SporTV.
Confira abaixo a íntegra do comunicado de despedida
“Amigas e amigos, Em julho de 2019, Tino Marcos nos procurou pedindo uma mudança. Queria deixar a cobertura da Seleção Brasileira e o dia-a-dia em geral para se dedicar a projetos especiais. Era o primeiro passo de uma ideia maior: de, aos poucos, se despedir da reportagem.
Na semana passada, Tino nos procurou novamente pra dizer que esse dia chegou. É raro alguém ter a sabedoria, a coragem e a serenidade de decidir parar no auge. Tino quer curtir a vida e ficar perto da família depois de tantos domingos trabalhados, de tantas longas viagens, de tanto tempo afastado de casa.Sem exagero algum, Tino Marcos deixar a reportagem é como Pelé se despedir dos campos.
Tino entrou na Globo em maio de 1986 e foi um dos responsáveis pela criação de um jeito único e bem brasileiro de se contar histórias esportivas na TV. Um gênio do audiovisual, da decupagem frame a frame, da pergunta exata, do texto perfeitamente casado com a imagem. Um estilo que influenciou gerações. Tino é até hoje referência. As reportagens dele se confundem com a história do esporte brasileiros nos últimos 35 anos.
Pra se ter uma ideia do peso de Tino Marcos, no início da carreira – ainda no Cruzeiro – o sonho do Ronaldo era ser entrevistado por ele num jogo do Brasil. Há a história de um aniversário do Fenômeno em Bento Ribeiro em que a maior atração da festa foi o Tino. Ronaldo teve que pedir pra todos “deixarem o Tino em paz pra ele trabalhar.”
O microfone do Tino marcou a carreira inteira do Fenômeno e de muitos outros craques. Foi o repórter do tetra e do penta.Soube se reinventar, mudando a linguagem das reportagens ao longo do tempo. Generoso, ajudou na carreira de inúmeros repórteres (me incluo nessa longa lista). Foi inspiração de muita gente. Qual repórter não foi chamado de Tino nas ruas? Virou sinônimo do ofício.
Tino continuará conosco ainda no mês de fevereiro para finalizar os episódios de uma série olímpica para o JN, que irá ao ar em julho. Será seu último presente para todos como repórter. Mas as portas da Globo sempre estarão abertas para qualquer tipo de parceria com o Tino no futuro. Em nome da Globo e de todos os colegas só tenho a agradecer, Tino, por tudo o que fez nesses anos. Por ter sido quem foi. Pela herança que deixa.
-Galvão!
-Diga, Tino!
-Sentiu.
Sentiremos todos, Tino.
Seja feliz com Virginia, Pilar e Laura.
Sinta-se abraçado por todos os seus colegas e fãs,
Renato”
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