Cantor, compositor e ator, o paulista Antônio Viana Gomes, o Tony Tornado chega aos 90 anos nesta terça-feira como uma das vozes pioneiras da black music brasileira da década de 1970. Discípulo do cantor americano James Brown (1933 – 2006), ele se autodefiniu, em entrevista ao jornal O Globo, como um “cantor que atua”.
Filho de pai guianense e mãe brasileira, aos 11 anos Tony fugiu de casa e foi para o Rio de Janeiro onde se tornou menino de rua e ganhava a vida vendendo amendoim e engraxando sapatos. Aos 18 anos serviu na Escola de Paraquedismo de Deodoro junto com Silvio Santos.

Tony iniciou sua carreira artística nos anos 60 com o nome artístico de Tony Checker, dublando e dançando no programa “Hoje é dia de Rock” de Jair de Taumaturgo, nessa época Tony imitava os cantores Chubby Checker e Little Richard. Ainda nos anos 60, viajou para os Estados Unidos onde morou por cinco anos em Nova York. Lá foi traficante de drogas e cafetão. Para enganar o departamento de imigração, fingia ser funcionário de um lava-rápido. Nessa época, Tony conheceu outro brasileiro que também morava em Nova York, o também cantor Tim Maia.
De volta ao Brasil em 1969, trabalhou no conjunto de Ed Lincoln e, sob o pseudônimo de Johnny Bradfort, cantava numa boate cujo dono o obrigava a se passar por estrangeiro. O cantor Emílio Santiago substituiu Tony Tornado no conjunto musical. Então ele disputou e venceu o Festival Internacional da Canção (FIC) de 1970, quando balançou e seduziu o Brasil com a música BR-3, composição influenciada pelo funk e pelo soul de seu ídolo Brown, cantada com a participação vocal do Trio Ternura.

Estreou na televisão em 1972 com a novela Jerônimo, da TV Tupi. O maior papel de sua carreira na TV foi Gregório Fortunato, o “Anjo Negro”, chefe da segurança pessoal do presidente Getúlio Vargas, na minissérie Agosto, de 1993. Outro papel marcante de sua carreira foi o capataz Rodésio, que trabalhava para a viúva Porcina (Regina Duarte), em Roque Santeiro – tão marcante que, em um dos finais gravados, era Rodésio quem terminava ao lado de Porcina, que no entanto foi vetado pela emissora Globo por medo da reação do público. Fez apenas uma novela fora da TV Globo, Roda da Vida, na Record.
Confira o clipe de Tony Tornado em 1970 cantando BR-3: