O caso de mais uma notícia fantasiosa, criada com o simples intuito de “caçar cliques” ou ganhar seguidores, sem o menor receio de prejudicar a vida do jornalista André Azeredo, comprova como o campo da internet está minado de pessoas que mancham o trabalho árduo de tantos profissionais no jornalismo digital. Mas, em tempos de compras por selo de verificação, os internautas são quem mais fomentam esse tipo de conteúdo.
Caros leitores desta página, não é tão difícil identificar o que é ou não apurado, investigado, exclusivo, verdadeiro e principalmente o que é “humano”. O que leva alguém a clicar em links como: “Cantor volta do mundo dos mortos e manda alerta para fulano ou sicrano”. Além de compactuar com o mesmo ideal de quem escreve tamanho absurdo, ao abrir esses tipos de manchetes o internauta está alimentando fake news e ganhando absolutamente nada com isso.
O fato
Voltando ao exemplo mais recente, é fácil observar como tudo ocorreu: O colunista de TV, Flávio Ricco, informou o afastamento do jornalista André Azeredo da apresentação do SP no AR – telejornal local da Record TV em São Paulo. Na ocasião ele limitou-se a dizer um suposto motivo: “Nos bastidores, os comentários vão de problemas pessoais a atrasos”.
Um dia depois o apresentador veio a público informar confirmar que foi afastado, mas acrescentou que se trata de um teste promovido pela direção de jornalismo. André já se prepara para comandar uma série de reportagens especiais do Jornal da Record, informação que também foi publicada na mesma coluna do Flávio Ricco.
O fake
Poucas horas depois, Erlan Bastos, que se identifica como colunista de famosos de um programa da TV Meio Norte, publicou o seguinte Twitter: “#Exclusivo: André Azeredo foi afastado do comando do SP no AR. O real motivo é a indisciplina do apresentador. Funcionários da emissora me relataram que o apresentador já chegou a apresentar o programa sob o efeito de drogas e sempre chegava atrasado por conta das “noites virada”, disse em um Twitter que foi mantido no ar por quase dois dias.
O caminho é claro: enquanto um jornalista que escreve sobre TV desde 2003, contou em primeira mão, o afastamento do jornalista sem precisar inserir o selo de exclusivo, o outro se preocupou em faltar com a verdade logo de início, utilizando um “#Exclusivo” que já não lhe pertencia. Flávio acrescentou conversas de bastidores: “problemas pessoais a atrasos”, Erlan informou o que mais parecia um enredo mexicano: ” chegou a apresentar o programa sob o efeito de drogas“,
Consegue sentir o peso de uma manchete como essa? Quem publicou não sentiu.
O que o leitor pode fazer
Querido leitor, um texto que preza pela verdade dos fatos, geralmente se conclui assim: “procurado (a), a assessoria desmentiu ou ainda não respondeu”, porque os dois lados da notícia existem.
Visivelmente indignado com tamanho desprezo pelo simples fato de não o procurarem, André utilizou as suas redes sociais para desmentir a manchete do Erlan Bastos e do site TV Foco que reproduziu a notícia falsa, ambos já foram excluídos, após a vítima afirmar que vai acionar a justiça. Mas não existe punição maior do que o internauta pode e deve fazer. Lembre-se, este não é o primeiro caso, não estamos falando de gostar ou não de um determinado veículo de comunicação, mas sim de responsabilidade com o que se publica.
Ao primeiro sinal de fake news, não acesse, compartilhe ou alimente essa máquina. Existem jornalistas e veículos de comunicação responsáveis que começaram há muito tempo e outros que estão iniciando sua carreira agora, mas cabe a você, leitor, o poder de escolher o que vai absorver: A notícia apurada ou a inventada.