O produtor musical Rick Bonadio, “criticou” um trecho de um funk remixado pelo DJ brasileiro, Pedro Sampaio, incluído em performance de Cardi B no Grammy 2021 realizado neste domingo (14). Bonadio disse que tem “vergonha” dos brasileiros ao comemorarem o funk na música “Wap”, da artista norte-americana.
Numa publicação nas redessociais, Rick Bonadio disse que precisamos exportar música boa e não esse “fica de quatro”. “Já exportamos Bossa Nova, já exportamos Samba Rock, Jobim, Ben Jor. Até Roberto Carlos. Mas o barulho que fazem por causa de 15 segundos de funk na apresentação de Cardie B me deixa com vergonha. Precisamos exportar música boa e não esse “fica de quatro!”, escreveu.
Ele já produziu bandas e artistas do cenário do pop e rock como Mamonas Assassinas, Rouge, Br’oz, Rodolfo & ET, Charlie Brown Jr, NX Zero e Vitor Kley, além disso, já foi jurado de programas musicais de televisão.
Artistas rebatem
A publicação não foi bem recebida pelos artistas do segmento. Anitta rebateu os comentários de Rick e sugeriu que ele escolhesse um ritmo brasileiro a altura e exportasse pro mundo. Anteriormente, ela lembrou o início da “Bossa Nova” no Brasil, que na época, antes de se popularizar, foi taxada como ruim pela sociedade brasileira.
“Tenho uma sugestão top pra você também. Escolhe um ritmo brasileiro à sua altura, faz uma música e exporta pro mundo. É ‘facin’… e rápido.. e de uma hora pra outra, claro, não dá pra começar com míseros segundos no Grammy. Quando você chegar lá a gente comemora com você”, escreveu Anitta. Em contrapartida, ele rebateu a cantora. “Nem faz sentido essa conversa Anitta. Cada um na sua. Meu papel é criticar e forçar a evolução. Faço isso todos os dias dentro do estúdio a mais de 30 anos e sempre para o lado positivo. Não sou artista. Estamos em mundos completamente diferentes. Não disputo nada c você.”, respondeu Anitta.
Apesar da letra da música também já ter sofrido críticas de grupos conservadores norte-americanos por conta do tema sexual, o comentário do produtor musical levou a interpretações de que apenas o funk seria o problema. Entretanto, sobre a conotação sexual, a funkeira Valesca escreveu:
Outros artistas também rebateram. “Da pra aceitar sim, dá pra respeitar e dá pra você ignorar o ritmo, mas você escolheu “criticar” e “ofender”. Sim eu me ofendi, eu canto funk e proibidão mas eu gero empregos, pago imposto e mantenho a comida na minha casa com letras do proibidão”, disse Valesca Popozuda.
A funkeira Lexa também defendeu o ritmo: “O funk evoluiu e cresceu tanto que estava no Grammy ontem. É preciso respeitar nosso movimento. Tenho respeito pelo seu trabalho e esperamos o mesmo respeito. O funk é cultura, é música e tá quebrando barreiras sim.”
“Desculpem se ofendi”
Com a repercussão das suas críticas, ele voltou a dizer que não dá para aceitar que a mesma batida com “putaria”, seja aceita com algo necessário ou da “cultura do país” e disse que respeita todos do funk por suas batalhas e vitórias e pediu desculpas se ofendeu alguém, que não foi a intenção. No Instagram, escreveu também que sempre será contra a acomodação, comemorações e aplausos alienados e completou dizendo: “Faz 10 anos que o Funk não ousa NADA. Sempre a mesma coisa. A mesma batida a mesma letra. Por isso não surgem grandes ídolos do Funk, são muitos Hits e pouco Legado. Não seria melhor crescer e se tornar um ícone da música?”.
Por outro lado, para o DJ, Pedro Sampaio, os 15 segundos do seu remix na música da Cardi B no Grammy foi como uma vitória. No Twitter, a rapper agradeceu ao DJ. “Obrigada, Pedro Sampaio! Eu tinha que fazer isso”, escreveu em inglês.
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