O Profissão Repórter desta terça-feira (12), apresentado por Caco Barcellos, vai falar sobre a fome, que se em alguns casos não mata, torna-se crime. Em um levantamento feito pelo programa, revelam-se dados que apontam um aumento em 2021 para 20,25% no percentual de furtos famélicos, que são os roubos para sanar a fome. Em 2017, este tipo de delito representava 11,5% do total de flagrantes. O programa contará ainda que o perfil de quem convive com a insegurança alimentar no Brasil vem mudando nos últimos anos: atualmente, quem mais sofre são pessoas pretas e pardas – cerca de 60%, quase o dobro da população branca.
A equipe do jornalístico, com os repórteres Chico Bahia, Milena Rocha, Eduardo de Paula, Gabi Vilaça e Luiz Silva e Silva, encontrou histórias de quem estava na fila dos restaurantes populares da capital paulista, onde a refeição tem o valor de um real. Uma dessas é de Daiane, de 35 anos. Mãe solo de duas crianças, ela está grávida novamente, com oito meses de gestação. Esperando uma menina, Daiane tem a oportunidade de seguir com uma gestação saudável a partir da alimentação a um preço popular.
Uma presença maior de idosos também chamou a atenção dos jornalistas do programa. Eles chegam cedo, logo nos primeiros horários de atendimento. “Eu até troquei o meu fogão por um fogareiro simples. Não precisava mais dele porque quase não cozinho mais em casa”, explica Dona Leni que, há quatro meses não faz comida mais em casa, principalmente em virtude do aumento no preço do gás.
Em relação aos dados de que indivíduos pretos e pardos com fome são quase o dobro no comparativo às brancas, o repórter Thiago Jock conheceu histórias de duas mães, que exemplos desses números. Florinda Lima e Claudionice Raimunda, duas mulheres pretas, vão às ruas em busca de alimentos para seus filhos. Florinda segue até um açougue, onde ossos e retalhos de gordura de carne são doados pelos funcionários, na busca pela proteína para as refeições. Já Claudionice percorre um viaduto onde são despejados por caminhões os restos de verduras, legumes e frutas que são vendidos em feiras livres.
A partir do agravamento da situação econômica brasileira motivada pela crise da Covid-19, muitas famílias se viram sem dinheiro para as compras de supermercado e começaram a sobreviver à base de doações. Iniciativas ligadas à insegurança alimentar surgiram, como as da filha de seu José Carlos de Souza. Ela recolhia doações de gêneros alimentícios para composição de cestas básicas e percorria a vizinhança realizando a distribuição. Vítima de um câncer, antes de morrer, a moça pediu ao pai que mantivesse a ação social na região onde atuava.
Esses e outros relatos estão no Profissão Repórter desta terça-feira (12). O programa vai ao ar logo após a série Filhas de Eva, a partir das 23h30, na TV Globo.
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