Para terminar essa segunda-feira, o Portal Alta Definição presta uma homenagem a um dos grandes nomes do telejornalismo brasileiro. Dono de uma voz inconfundível. Então, não acabou… ainda tem a última! No fim de semana, Marcos Hummel completou 45 anos da sua estreia na televisão. Quem não se lembra do jornalista na bancada do Jornal Hoje e Jornal Nacional nos anos 80, depois no Jornal da Manchete nos anos 90. Nos anos 2000, no Jornal da Band. E mais recentemente no Fala Brasil e Câmera Record.
Marcos Hummel de Castro, nasceu em Catalão, Goiás, no dia 25 de julho de 1947. Cursou jornalismo, mas não concluiu. Em Brasília, trabalhou em diversas empresas, incluindo no departamento de artes de uma agências de publicidade. Certa vez recebeu de um cliente elogios sugerindo que ele deveria trabalhar em televisão. Tímido, sempre relutou ir para frente das câmeras, por achava que era muita exposição.
O início da carreira
Desempregado aos 27 anos foi procurar emprego na agência do publicitário Galeb Baufaker, o mesmo que havia dito que ele seria bom para o vídeo. Chegando lá foi recebido gentilmente na sala onde estava também um senhor chamado Miranda. Galeb disse para Miranda: “Tem vaga pra ele lá?”.
Miranda era um profissional do departamento comercial da TV Globo e disse: “Estão fazendo testes!” Na época, Celso Freitas (atual apresentador do Jornal da Record) estava deixando Brasília para ir apresentar telejornais em São Paulo e Antonio Lúcio, que apresentava o Jornal Hoje local foi promovido para o Jornal Nacional local. Assim a bancada do JH estava vazia e procura de um novo talento. Hummel fez o teste no dia seguinte à noite, era um sábado. Ele foi um dos mais de 30 testes para a vaga.
No domingo, o apresentador saiu cedo de casa e ficou o dia todo fora. Quando chegou, por volta das 18 horas, sua mãe disse: “Ligaram muitas vezes pra você da TV Globo”. Ele logo pensou que tinha passado no teste. Porém sua mãe não acreditou: “Como assim? Mas que arrogância! Como é que você pode falar uma coisa dessas?”. Hummel respondeu: “É lógica, mãe! Não é arrogância! A senhora acredita que a emissora mais poderosa da América do Sul, depois de trinta e tantos testes. Ia ter alguém de plantão pra ligar pra todo mundo pra dizer que não passou? Só ligariam para quem passou!”, indagou.
A reposta do teste
Ele ligou imediatamente para Ricardo Martins, que ensinou o básico da locução e interpretação para Hummel. Porém, o funcionário da Globo disse: “Seu teste foi uma porcaria! Mas o pessoal aqui da direção e eu entendemos que há uma possibilidade de trabalhar seu potencial que você tem”.
Acreditaram no jovem apresentador e locutor. Em 21 de junho de 1975, Marcos Hummel estreava na TV apresentando o Jornal Hoje local. Um ano depois já estava no Rio de Janeiro junto com Cid Moreira, Sérgio Chapelin, Léo Batista, Berto Filho (1940-2016), Leda Nagle, Márcia Mendes, Fernando Vannucci, Celso Freitas e tantos outros. “Eu costumo dizer que não fui atrás. Não procurei a televisão. Eu só sonhava, mas não era um sonho porque eu aceitava o que me era oferecido. Qualquer trabalho pra mim era digno e eu sempre honrei meu patrão. Sempre achando e dizendo que o caminho do sucesso é você gostar do que faz, não importa o quê”, contou em uma live com Geraldo Luís.
“Quando entrei no telejornalismo eu prometi pra mim mesmo que ia entrar de cabeça”
Marcos Hummel
Uma mulher na bancada
Presenciou a estreia da primeira mulher na bancada do Jornal Nacional num sábado, 08 de março de 1978, dia internacional da mulher. Era Márcia Mendes (1945-1979). “Isso deu problema, criou um desconforto na TV Globo!”, explicou.
Anos de TV Globo
Trabalhou por 21 anos na Rede Globo, apresentando telejornais como o Jornal Hoje, o Bom Dia São Paulo, o Bom Dia Rio, o Jornal da Globo, o Jornal Nacional e Globo Repórter. Foi um dos primeiros locutores do Vídeo Show e apresentou os festivais MPB 80 e MPB Shell, entre 1980 e 1983 com Cristiane Torloni, Miriam Rios, Luís Carlos Miele e Hilton Gomes. Foi narrador do Fantástico.
Momentos inesquecíveis
Entre as notícias que mais marcou sua trajetória e o deixou emocionado foi a morte de um grupo de jornalistas que iam fazer a cobertura de quando o Brasil atingiu a marca de 500 mil barris de petróleo, governo comemorando e vários órgãos de imprensa fretaram um avião para ir para a Bacia de Campos para as comemorações. O avião caiu e morreram todos. A Globo mandou um carro para fazer a cobertura do acidente, mas também sofreu um acidente e todos morreram.
Outra que o apresentador não esquece o atentado a Muhammad Anwar Al Sadat, em 6 de Outubro de 1981. O presidente do Egito foi assassinado durante uma parada militar no Cairo por membros da Jihad Islâmica Egípcia que se opunham ao acordo de paz com Israel e a entrega da Faixa de Gaza para o Estado Judeu. “Estávamos apresentando o Jornal Hoje e assim que encerramos, no ponto avisaram para não sair do estúdio porque tinha uma tragédia no Egito. Fizemos outro telejornal com as imagens que chegavam. As imagens não saem da minha cabeça. Imagens horrorosas”, explica.
“É uma profissão que temos muitas alegrias pelos resultados do nosso trabalho, mas conviver com a notícia ruim é danoso para nossa saúde. Eu pedi pra sair do telejornalismo ao vivo porque minha pressão arterial estava batendo 20, durante o jornal. Fui a primeira vez pro hospital e o médico falou que eu tinha pressão alta pelo estresse. Eu me envolvia pessoalmente que minha pressão subia”, explica.
Marcos Hummel
Carreira fora da Globo
Transferiu-se para a extinta Rede Manchete em 1996. Lá apresentou o Manchete Verdade, Programa de Domingo, Jornal da Manchete, e Na Rota do Crime. Em 1998, foi para a TV Bandeirantes. Na emissora, apresentou o Jornal da Band entre 1999 e 2004, com Janine Borba e o popularesco Tempo Quente, em 1998. No fim de 2004, depois de uma breve passagem pela Rede 21, do mesmo grupo da Band, é contratado pela Record, onde apresentou entre 2005 e 2009 o jornal Fala Brasil, com Luciana Liviero, e também apresentou o Repórter Record. Em 2008 passou apresentar também o Câmera Record.
Em 2012 ele começou a apresentar também o programa Câmera em Ação até o programa ser extinto em 2013.
Projetos para o futuro
Tímido até hoje, Hummel guarda parte das muitas cartas que recebeu na TV Globo. Ele tem o projeto, ainda que engavetado, de transcrever essas mensagem em um livro. “São cartas lindas! Maravilhosas! Tenho umas milhares encaixotadas num sítio que tenho em Teresópolis”, diz.