O Ministério da Saúde e a Secretaria de Comunicação Social investiu mais de R$ 1,3 milhão dos cofres do governo federal em ações de marketing com influenciadores sobre a Covid-19. Desse valor, R$ 85,9 mil foram destinados a 19 “famosos” para post em redes sociais.
A informação foi publicada numa reportagem da Revista Agência Pública, que revela detalhes de valores e influenciadores contratados. Segundo o site, o valor foi investido pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Comunicação com cachê destinados a influenciadores em campanhas nas redes sociais.
O texto diz que a Secom contratou quatro influenciadores, que receberam um valor de R$ 23 mil para falar sobre “atendimento precoce”. Ainda segundo reportagem, alguns dos contratados foram Flávia Viana, João Zoli, Jéssika Tayanara e Pam Puertas. A verba saiu da campanha publicitária chamada de “Cuidados Precoces Covid-19”.
Orientações da Secom
Segundo a Agência Pública, que conseguiu o roteiro da ação através de um pedido via Lei de Acesso à Informação (LAI), o órgão orientou a ex-BBB Flávia Viana, que recebeu sozinha, segundo os documentos R$ 11,5 mil, entretanto, ela afirmou que ainda não recebeu a quantia e que o valor será doado.
Além de Flávia, os influenciadores João Zoli, Jéssika Taynara e Pam Puertas também foram orientados a fazer um post no feed e seis stories no Instagram, dizendo aos seguidores, para que caso sentissem sintomas da Covid, era “importante que você procure um médico imediatamente e solicite um atendimento precoce”.
Gente, uma dica responsável: Se vocês sentirem os sintomas do COVID, que são: dor de cabeça, febre, tosse, cansaço, perda de olfato ou paladar, é muito importante que você procure imediatamente um médico e solicite um atendimento precoce, ATENÇÃO eu disse ATENDIMENTO que significa procurar AJUDA ANTES QUE PIOREM, é essencial para maiores chances de recuperação, viu?
Texto extraído de publicado no dia 14 de janeiro no Instagram da ex-BBB, Flávia Viana.
No guia (briefing) desta ação, os influenciadores foram orientados a posarem com máscara no rosto e álcool em gel, ou lavando as mãos, além de recomendarem na legenda, a higienização das mãos e uso das máscaras.
O ofício com resposta a lei, a Secom esclareceu que do valor total R $987,2 mil foram destinados à produção de peças – filmes para TV, spot para rádio, vídeos e banners para internet e peças para mídia exterior.
Contradições
Apesar do Ministério da Saúde, recomendar o “tratamento precoce”, nem mesmo o até então Ministro da pasta, Eduardo Pazuello, soube explicar o que quis dizer com a campanha. O release dizia que “O tratamento precoce comprovadamente aumenta as chances de recuperação e diminui a ocorrência de caos mais graves e, consequentemente, o número de internações”.
No entanto, no dia 18 de janeiro deste ano, Pazuello negou ter recomendado o “tratamento precoce”, afirmando que o recomendado pelo Ministério era o “atendimento precoce”, o que não é verdade.
A OMS publicou em outubro de 2020, um estudo que demonstrava a ineficácia de diversos medicamentos, incluindo muitos do recomendado pelo governo brasileiro no “tratamento precoce”.
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