A Justiça baiana desvendou um esquema criminoso complexo envolvendo 12 pessoas, incluindo um apresentador da TV Aratu (afiliada do SBT), acusado de liderar uma organização criminosa que desviava e lavava dinheiro de doações destinadas a vítimas em vulnerabilidade social. O caso, conhecido como “Golpe do Pix“, revelou que o grupo desviou significativamente R$ 407.143,78, que o programa “Balanço Geral Bahia”(RECORD Bahia) deveria ter repassado às vítimas conforme prometido.
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) imputou aos envolvidos crimes de apropriação indébita, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Inicialmente, o grupo era investigado sob a acusação de associação criminosa. Contudo, após análise detalhada, o juiz Eduardo Afonso Maia Caricchio decidiu reclassificar o grupo como uma organização criminosa, uma acusação mais severa, devido à sua estrutura complexa e hierárquica.
O esquema envolveu a arrecadação de valores por meio de entrevistas transmitidas no programa “Balanço Geral Bahia”. Marcelo Castro e Jamerson Oliveira, ex-funcionários da RECORD Bahia e atualmente na TV Aratu (afiliada do SBT), lideraram a fraude. Marcelo, na função de repórter, coletava doações por meio de chaves Pix exibidas durante as reportagens. Como editor-chefe, Jamerson autorizava a exibição dessas chaves, sabendo que o dinheiro não iria para as vítimas.
O Golpe do Pix
O caso ganhou notoriedade em maio de 2023, quando um assessor de um jogador de futebol notou uma discrepância entre a chave Pix exibida no programa e a utilizada para uma doação. Essa descoberta levou a uma investigação mais profunda, que revelou que o grupo desviava uma parte significativa das doações. Em uma das transações, os criminosos se apropriaram de R$ 57.591,26 dos R$ 64.127,44 arrecadados, repassando apenas R$ 6.536,18 às vítimas.
O esquema foi identificado em 12 casos distintos, todos seguindo o mesmo padrão de fraude. Durante o período da fraude, o grupo arrecadou um total de R$ 543.089,66 em doações. No entanto, apenas 25% desse valor, equivalente a R$ 135.945,71, foi realmente destinado às vítimas, enquanto o restante foi desviado pelo grupo.
Os envolvidos no esquema incluíam Lucas Costa Santos, Jakson da Silva de Jesus, Daniele Cristina da Silva Monteiro, Débora Cristina da Silva, Rute Cruz da Costa, Carlos Eduardo do Sacramento Marques Santiago de Jesus, Gerson Santos Santana Junior, Eneida Sena Couto, Thais Pacheco da Costa, Alessandra Silva Oliveira de Jesus e Marcelo Valter Amorim Matos Lyrio Castro. A maioria dos membros tinha alguma relação familiar com Lucas Costa Santos, exceto Marcelo e Jamerson.
A RECORD procurou a polícia
A RECORD Bahia, ao tomar conhecimento da fraude, procurou a polícia e demitiu Marcelo e Jamerson e colaborou com as investigações. Contudo, a emissora não se manifestou oficialmente sobre o caso. O MP-BA pede agora que os réus sejam condenados a pagar R$ 607.143,78 como reparação pelos danos causados às vítimas.
O que diz o outro lado?
A defesa de Marcelo Castro e Jamerson Oliveira, representada por Marcus Rodrigues, refutou as acusações e afirma que os acusados continuam a lutar por sua inocência. Em nota, a defesa destacou:
“A denúncia foi ofertada, mas a mesma ainda não foi recebida pela Justiça. Por tais motivos, deveremos ter cautela nas informações que são passadas, até porque as provas colhidas na fase inquisitorial não passaram por diversos princípios processuais e constitucionais penais e constitucionais. A defesa continua, veemente, argoindo a inocência dos seus assistidos, por ser de mais lídima justiça“.
O Portal Alta Definição também tentou entrar em contato com a TV Aratu, afiliada do SBT, por e-mail e redes sociais, mas até o fechamento desta matéria não obteve respostas. Atualizaremos a publicação assim que recebermos a resposta.