As inúmeras reclamações sobre a transmissão dos desfiles das escolas de samba pela Globo é mais um capítulo numa longa discussão sobre o carnaval na televisão. Até que ponto uma programação diferenciada atrai a atenção dos telespectadores? Mas, o que oferecer ao público que não seja um pouco mais do mesmo?
Desde a última sexta-feira, as redes sociais e os sites especializados destacam o quanto foi ruim a transmissão dos desfiles das escolas de São Paulo e Rio de Janeiro sem a participação do departamento de jornalismo. Para conseguir faturar com o carnaval, a Globo optou em escalar profissionais do esporte e artistas. Além disso, convocou influencers. Aliás essa é a tendência da televisão brasileira. Para os diretores artísticos e de gêneros o futuro da TV passa pelo pessoal que brilha na internet, nas redes sociais com sua irreverência. Mas, opps! O público não aceitou muito a chegada dessa turma.
O Globeleza assustou muito na sexta-feira, primeira noite das transmissões das escolas de samba de São Paulo. A estranheza foi grande. Faltou informação sobre a concentração e dispersão, além de entradas muito pontuais. A equipe optou por mais show e plástica, além de humor nos comentários. Mas, na tela o desfile das agremiações ocupou um terço do tempo total de cada escola. Entretanto, a situação só veio a melhorar na noite de segunda-feira. Mas, já é tarde. Para todo mundo a impressão é que a Globo errou feio com seu Globeleza.
Boninho aprovou o Globeleza 2024. Isso basta?
Nesta terça-feira, numa entrevista a revista Veja, Boninho afirmou que “como diretor ele amou e aprovou a transmissão”. E pronto, para ele é isso o que vale, mesmo com uma enxurrada de críticas contrárias.
O fato é que esse desempenho ruim coloca uma lente de aumento na discussão sobre o carnaval na televisão. Não há muito o que oferecer de diferente. É preciso mostrar e narrar os bloquinhos, blocos, trios e as escolas de samba. É necessário conversar com as estrelas do carnaval, mas fundamental dar espaço para o folião. Entretanto, será que tudo isso é bom para o telespectador? Acho que não.
Números podem apontar caminhos
Os números do fim de semana mostram que muitas pessoas fugiram das transmissões de carnaval e dos programas temáticos. No sábado (10/02), na média/dia, a Globo marcou 28% de share. O streaming ficou com 25,5%. A Record marcou 10,8%, Canais Pagos com 8,3%, SBT 7,2% e a Band com 3% de share.
Na média/tarde (12h às 18h), o streaming liderou com 27,9%. A Globo ficou com 24%, Record com 9,9%, Canais Pagos 8,1%, SBT 7,7% e a Band 3,2% de share. É uma prova bem clara de que parte do público fugiu de tudo o que a TV aberta ofereceu sobre carnaval. O domingo tem um cenário muito parecido, mas com um placar apertado na faixa da noite (18h às 24h). A Globo teve 25,7% de share e o streaming ficou com 22,8%.
Portanto, a Globo terá que reavaliar seu carnaval e, definitivamente, rever o conceito de que o artístico está acima do conteúdo e que uma plástica bonita e com ritmo determina o sucesso de um produto. O Globeleza 2024 é a melhor prova do que estou falando.
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