As novelas costumam seguir determinadas fórmulas para agradarem o público, mesmo que não pareçam muito inovadoras, a rivalidade entre os mocinhos e vilões é um ingrediente infalível. Cada autor deixa a sua marca através de suas criações e cada um tem um jeito específico de conduzir a história.
Cristianne Fridman é uma autora consagrada e tem um extenso currículo na teledramaturgia nacional. Só na Record TV, onde tem contrato atualmente, já escreveu sete novelas que foram produzidas. Fridman traça as suas vilãs de forma dúbia e assim mostra o lado humano de seus personagens, mesmo que umas tendem a serem mais cruéis que as outras. Até as mocinhas de seus folhetins podem escapar do maniqueísmo, vide ‘Vidas em Jogo’, onde Rita (Julianne Trevisol), que era considerada a mocinha principal, se revelou uma mulher cruel na reta final da trama.
Confira quatro criações da autora que deixaram sua marca na memória dos noveleiros:
Ruth Sampaio – (Miriam Freeland)
Novela: Bicho do Mato – (2006)
Bem louca e excêntrica, uma universitária que se dizia a melhor amiga da mocinha Cecília (Renata Dominguez), e que não media esforços para complicar a vida de sua falsa “melhor amiga”. Tinha uma paixão louca por Juba (André Bankoff) e queria o rapaz a qualquer custo. Suas cenas dramáticas renderam ótimas atuações.
A atuação de Miriam Freeland foi brilhante, diga-se de passagem. Por conta disso, se tornou a grande vilã feminina da história, atrapalhando e infernizando o quanto pode o romance de Cecília e Juba. Seu final trágico foi ao lado da irmã Lili (Beatriz Nogueira), que se jogaram de carro em uma ribanceira para não serem presas.
Vilma Oliveira Santos – (Lucinha Lins)
Novela: Chamas da Vida – (2008)
Uma mulher elegante, mas sem escrúpulos. Piromaníaca, doença que faz com que a pessoa tenha prazer em provocar incêndio e atear fogo nas coisas, Vilma usou do fogo para matar seus inimigos. Além de desafiar a polícia e o corpo de bombeiros ao deixarem cada um dos crimes uma placa da fênix como assinatura.
É uma mãe exigente e dispensa carinhos e afins. Com Beatriz (Andrea Horta) ela cobra ambição na vida, e com Guga (Thiago De Los Reys) ela critica o rapaz por ser “imaginativo demais”, acha que ele é um garoto problema. Mas encontra em Tomás (Bruno Ferrari) uma parceria perfeita, já que ele puxou a crueldade de sua mãe e é alimentado pela mesma pelo desejo de vingança pela morte de seu pai.
Vilma está entre os melhores papéis de Lucinha Lins. Que personagem senhoras e senhores, que personagem!
Regina Camargo Leal – (Beth Goulart)
Novela: Vidas em Jogo (2011)
Regina é uma mulher de origem pobre que se tornou uma empresária de sucesso. O medo de voltar para a pobreza é o principal motivo de sua ambição, que é aguçada ao extremo. Viúva, casou por interesse e tenta garantir o futuro das filhas Patrícia (Thaís Fersoza) e Tatiana (Shaila Arsene), e da sua construtora Camargo Leal.
Esse foi o papel de estreia da Beth Goulart na Record TV, onde brilhou loiríssima com todo o seu talento. Um personagem marcante com um texto muito bem escrito.
Priscila Schiller – (Juliana Silveira)
Novela: Vitória – (2014)
Priscila é uma antagonista criada para ser odiada e teve cenas emblemáticas. É cruel e violenta, torturar e matar é um prazer para ela. Como é doutora em História, de classe média alta e dona de uma escola, é difícil alguém imaginar que ela seja líder de uma célula da organização neonazista. O último capítulo de “Vitória” teve a loira ameaçando de morte o filho recém-nascido dos mocinhos, e o público não perdoa vilão que maltrata criança, que dirá um bebê.
A personagem foi a primeira vilã de Juliana Silveira, que mostrou sua versatilidade e toda sua desenvoltura, e provou que pode ir além das doces mocinhas.
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