“Sempre sinto um frio na barriga quando estou com estes artistas, mas eu tento não deixar transparecer. Eu fico muito feliz e realizado por tudo que aconteceu e tem acontecido comigo”, afirma o fotógrafo Gabriel Renné, que com apenas 21 anos de idade está com a carreira em ascensão no meio artístico.
Ariano, nascido e criado em Lavras, Minas Gerais, não para de colecionar boas histórias para contar. Aos 17 anos se mudou para a Bolívia para cursar medicina. Após dois anos largou tudo por lá e foi tentar uma vaga na versão brasileira do reality show “The X Factor”, produzido pela Band.
Ele já trabalhou no SPFW e fez foto da Iza, a foto do single“Só Depois do Carnaval” da Lexa é dele, assim como a foto de Pabllo Vittar para a capa da Subvrt Magazine, uma revista americana.
No começo, quando foi para São Paulo, o dinheiro era curto, os pais não ajudavam, e ele teve que se virar até arrumar um emprego como assistente de fotografia, e foi quando tudo começou a mudar.
Hoje se divide entre São Paulo e Los Angeles, e seu trabalho como fotógrafo tem sido reconhecido, além de chamar atenção pela qualidade e criatividade. Gabriel bateu um papo comigo e abriu o jogo sobre sonhos, dificuldades e as conquistas da vida e de sua recente carreira.
Entrevista
Como a fotografia apareceu na sua vida?
A fotografia sempre esteve presente na minha vida, mas eu só não percebia o quanto ela poderia me encantar e fascinar. Crescer acompanhando divas pop com seus clipes mega produzidos, photoshoots icônicos e looks extravagantes com certeza foi uma das primeiras sementinhas plantadas que explica todo esse amor que sinto hoje pela fotografia.
Eu sempre gostei muito da área artística e isso vem desde que eu era criança. Adorava cantar, tocar, desenhar, filmar, editar, realmente cresci com esses hobbies. Mas no interior de Minas Gerais, em uma cidade relativamente pequena, eu não via estes hobbies como opções de carreira. Lá a maioria das pessoas são educadas a seguir uma carreira “mais séria”, por exemplo, engenharia, direito, medicina… Então, por alguns motivos de relacionamento com a família e comigo mesmo, resolvi ir para a Bolívia cursar medicina, mas quando me dei conta que não era mesmo o que eu queria, larguei tudo e me mudei pra São Paulo.
E como surgiu a oportunidade de fotografar profissionalmente?
No início eu tinha muito pouco dinheiro, pois minha família não estava mais me bancando, era eu por mim mesmo. Saí distribuindo currículos em vários lugares e não conseguia nada. Pra não falar que não consegui, eu cheguei a ser selecionado para uma entrevista em uma loja e cheguei a fazer 2 etapas da entrevista. Quando eu soube que passei para a terceira etapa, eu já sentia que o status de trabalho seriam atualizados.
Dois dias antes de rolar a entrevista, uma amiga me diz que viu no Facebook uma postagem de duas fotógrafas que estavam procurando um assistente para trabalhar com elas. Elas queriam alguém que gostasse de fotografia, mas que tivesse pouca experiência e que estivessem dispostos a aprender.
Na hora que eu vi o material delas, uma luz apareceu pra mim, juro! Era um material tão bonito que abriu na minha mente um leque de ideias, expectativas e visões sobre coisas que eu poderia fazer caso rolasse trabalhar com elas.
Eu desisti da última entrevista na loja e fui fazer um teste com elas, e graças a Deus, rolou! Trabalhei com elas por 1 ano. E foi assim que comecei atuar na área profissionalmente.
Quem foi o primeiro artista que você fotografou?
A primeira artista que cliquei foi a Iza e rolou no backstage do SPFW. Era a primeira vez que eu estava conhecendo o evento de perto e estava clicando e filmando o backstage a convite da agência FORD MODELS.
Foi uma experiência muito boa e divertida porque eu estava cada vez mais encantado com a moda. Sempre gostei muito de música também e eu demorei pra perceber que o fashion e a música hoje em dia andam de mãos dadas. Fotografar a Iza que é uma cantora incrível, no maior evento de moda do país, foi um marco muito grande pra mim.
Qual dos amores vieram primeiro: a música ou a fotografia?
Meu primeiro amor, sem dúvidas, foi a música. Eu sempre usei dela como uma forma de terapia pra mim, como se fosse um refúgio. Quando eu era adolescente e estava aprendendo tocar violão, criei um canal no YouTube onde eu postava covers de artistas que eu gostava de ouvir. E era minha forma de me expressar, tanto pra mim mesmo como para as outras pessoas. Eu era muito tímido e não conseguia lidar muito bem com a ideia de cantar pra muita gente, então o meu quarto, minha câmera e o meu violão era meu lugarzinho seguro de me expressar e eu já me sentia muito completo ali.
Você também é cantor e participou da versão brasileira do “The X Factor”. Como foi essa experiência?
Participar do “X Factor” foi uma experiência muito importante na minha vida, porque aconteceu quando eu já sabia que não queria mais cursar medicina, mas eu ainda estava matriculado. Vim de férias para o Brasil só para participar das audições e se eu fosse aprovado, eu trancaria a matrícula por 6 meses e depois voltaria. Isso era o “combinado” com meus pais. No fundo eu já sabia que não queria mais seguir fazendo o curso e usei essa oportunidade como um motivo para trancar, caso eu fosse aprovado no programa, e outras oportunidades fossem aparecendo.
Fui aprovado em duas etapas, na terceira não passei e tive que cumprir com o combinado, que era voltar para a Bolívia. Foi um sentimento muito doido porque eu estava muito triste, mas eu estava aliviado também. Eu sempre senti que não sou muito bom pra estar na frente das câmeras, mesmo amando a música, eu percebi que o que eu gostava mesmo era da minha própria companhia junto com minha câmera e o violão. A internet podia me assistir sem eu me sentir tímido e já estava ótimo. Eu percebi que eu fazia isso mais pelo amor pela música, do que pela vontade de seguir na carreira de cantor.
Além de violão, toca outro instrumento? Compõe?
Sei tocar algumas notas de piano mas não sou nada expert. Eu ja compus sim, mas nunca divulguei nenhuma das minhas músicas.
Seu canal no YouTube tem diversos covers. Quão são os seus preferidos?
Eu gosto muito do cover que gravei de “Sem Nome Mas Com Endereço” da Liniker. Cada cover nasceu com um sentimento que eu estava sentindo na época. Então eu gosto muito de assistir alguns vídeos e poder saber como eu estava me sentindo quando gravei cada um eles.
Qual artista que você não fotografou, que tem muita vontade de fotografar?
Se fosse há um mês atrás, diria Pabllo Vittar. Sempre achei ela maravilhosa e com muita atitude. Eu ja sentia que ela se dava muito bem com a câmera. Tive a oportunidade de fotografá-la para a capa de uma revista americana chamada Subvrt Magazine e foi uma experiência INCRÍVEL.
Outra artista que eu tenho muita vontade de conhecer e fotografar é a Rosalía, seria mais um sonho realizado.
Como descreveria o seu estilo de fotografar?
Criativo, ousado e sem regras.
Liste os artistas que você mais gostou de trabalhar.
Gosto muito de fotografar a Urias, ela arrasa muito! Adorei também clicar o Jaloo, Duda Beat e a Mc Tha.
Nos seus stories dava para perceber a sua animação no set do clipe de “Só Depois do Carnaval”. Tem vontade de se tornar diretor de videoclipes?
Eu amo participar de produção de clipes e sempre me sinto muito feliz. Cada set é um aprendizado novo e uma chama que acende cada vez mais para meus sonhos. Tenho muita vontade de dirigir videoclipes e isso acontecerá em breve!
Você tem trabalhado com diversos artistas de grande repercussão na mídia, dentre eles: Iza, Pabllo Vittar e Lexa. Dá um frio na barriga ao perceber o quanto você está crescendo nessa área?
Sempre sinto um frio na barriga quando estou com estes artistas, mas eu tento não deixar transparecer.
Eu fico muito feliz e realizado por tudo que aconteceu e tem acontecido comigo. É um sentimento muito sincero de gratidão. Quero continuar fazendo o que amo e de maneira sincera também. Isso que me motiva sempre!
Qual é o seu maior sonho hoje?
Meu maior sonho é ser reconhecido pelo meu trabalho e poder inspirar outros artistas da mesma maneira que muitos me inspiram e fazem eu ter a sensação não ter medo de lutar pelo que eu amo.
Com a fotografia em primeiro plano, Gabriel Renné não tenho nenhum projeto musical por agora, mas não pretende parar de gravar seus covers para o seu canal no YouTube. Com talento e carisma, ele tem conquistado seu espaço e tem tudo para deslanchar ainda mais.
O mundo é seu, @gabrielrenne!