Não é novidade que o sensacionalismo na TV aberta frequentemente ultrapassa os limites do jornalismo e se torna um trampolim para a audiência. Programas policiais, como Cidade Alerta (RECORD), Tá na Hora (SBT) e Brasil Urgente (Band), são conhecidos por sua abordagem incisiva, muitas vezes questionável. No entanto, o que antes era alvo de críticas por parte da TV Globo, hoje serve de inspiração para seus próprios programas.
Na sexta-feira (07), Patrícia Poeta foi alvo de severas críticas após a condução da cobertura do caso Vitória Regina, adolescente assassinada em Cajamar (SP). Durante o Encontro, a apresentadora entrevistou ao vivo o pai da jovem e, sem qualquer preparação emocional para a família, informou que havia recebido uma atualização do caso e relatou detalhes sobre a suposta autoria do crime.
“Daniel seria namorado do ex-namorado da sua filha, pelo que eu entendi. Ou seja, é um crime passional em outras palavras”, afirmou Patrícia, repassando informações que nem mesmo a polícia havia confirmado.
O pai de Vitória ficou visivelmente abalado e afirmou não ter recebido nada da polícia. Ainda assim, Poeta continuou: “Eles estão escondidos numa área de mata de Cajamar e as buscas pelos três suspeitos já começaram”. A cena rapidamente repercutiu nas redes sociais, com inúmeras críticas à postura da apresentadora e à TV Globo.
Assista ao vídeo:
Meu Deus! A Patrícia Poeta contando ao vivo pro pai da menina Vitória o desfecho do assassinato da filha dele. A reação dele, atônito… coitado. #Encontro pic.twitter.com/iiuq0sUYTu
— Brenno (@brenno__moura) March 7, 2025
O erro é da Globo, não da concorrência
Diante da polêmica, algumas páginas nas redes sociais ironizaram a situação, classificando-a como uma “vibe Cidade Alerta“. No entanto, a responsabilidade pelo erro não deve ser atribuída a RECORD, SBT ou Band. O Encontro optou, por conta própria, por uma abordagem que a própria Globo sempre condenou, evidenciando que não há uma mudança real de postura, apenas deslizes momentâneos conforme a conveniência.
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Sim, é válido criticar programas policiais que ultrapassam limites. No entanto, a Globo também precisa responder por suas próprias falhas. Recentemente, a emissora já foi questionada por sua cobertura excessiva e apelativa sobre a queda de um avião, demonstrando que erros jornalísticos não são exclusividade de seus concorrentes.
O Encontro não apenas errou ao divulgar informações não confirmadas diretamente para um pai enlutado, mas também demonstrou que a emissora não está imune às práticas que historicamente criticou. No entanto, transformar esse erro em um ataque generalizado à concorrência é apenas desviar o foco do real problema: a falta de preparo e responsabilidade ao tratar de casos tão delicados na televisão brasileira.
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