Segundo informações do colunista Flávio Ricco (R7), a Band pretende reativar o setor de teledramaturgia em 2022. Não ficou claro se será no formato de folhetins ou de seriados, mas o que não falta no mercado são profissionais competentes e disponíveis. Atualmente a emissora mantém em sua grade a novela portuguesa ‘Nazaré’, e algumas séries americanas aos sábados. Mas com a chegada de Fausto Silva diariamente, a exibição de novelas segue incerta.
Fora da Globo, a Record TV criou um modelo de produção e exibição voltado para a dramaturgia que deu certo ao longo de mais de uma década. Com profissionais experientes, a maioria deles considerados ex-globais, o canal de Edir Macedo criou novelas bem sucedidas para os seus padrões de audiência e faturamento.
Aquecimento
A Band “está com a faca e o queijo na mão”. Um produto diário desse porte no horário das 22hrs pode agregar na programação, principalmente recebendo do Faustão. Por mais que a audiência segure na faixa de 1 ponto, tudo é questão de tempo e fidelização do público.
De janeiro a maio, duração do Big Brother Brasil, a emissora dos irmãos Saad poderia apostar em um folhetim às 22:45. Como por exemplo as reprises das turcas ‘Mil e uma noites’ e ‘Fatmagul’, ou até mesmo inéditas no Brasil como as portuguesas ‘Quer O Destino’, trama indicada ao Emmy que é repleta de vingança, e ‘Valor da Vida’, que tem no elenco Marcello Antony e Carolina Kasting.
O intuito seria aquecer essa faixa nobre com um produto que nenhuma emissora teria diante do reality show de maior audiência da TV brasileira. Uma espécie de contraprogramação. Assim não queimaria ‘cartucho’ com programas inéditos, e criaria um hábito para o telespectador. Seria um teste para possíveis grandes investimentos nesse setor.
Medalhões disponíveis
Após o fenômeno ‘Os dez mandamentos’, a Record TV começou a dar outro rumo para a sua dramaturgia. Histórias contemporâneas foram perdendo importância, autores consagrados como Marcílio Moraes, Carlos Lombardi, e os mais novos e talentosos como Vivian de Oliveira e Emílio Boechat não tiveram seus contratos renovados. Até o diretor Alexandre Avancini, responsável pelos maiores sucessos da empresa, está fora de lá desde 2019.
Camilo Pellegrini, responsável pela fase Abraão de ‘Gênesis’, e Paula Richard, autora de ‘O Rico e o Lázaro’ e ‘Jesus’, foram dispensados recentemente. Vale ressaltar que Aguinaldo Silva, que deixou sua marca na Vênus platinada, é outro medalhão que poderia ser aproveitado.
Alto custo
Novela é um produto caro. Vide ‘Avenida Brasil’, do horário das 21 horas da Globo, custou em média R$450 mil por capítulo, ou seja, em 179 capítulos foram investidos mais de R$80 milhões. Já a saga de Moisés, uma trama de época, teve por episódio o custo de R$700 mil, o equivalente a mais de R$100 milhões em 176 capítulos da primeira temporada.
São inúmeros gastos com salários, locações, figurinos, equipamentos, cenografia, efeitos visuais, e até cenas externas. E após a pandemia do covid 19, esses números aumentaram ainda mais. A estratégia para fechar a conta é que os custos de um folhetim sejam dissolvidos de acordo com o tempo no ar, e assim possam ser pagos através dos anunciantes.
Parcerias
O assunto que está em pauta é a curta duração de novelas para a TV aberta e para o streaming. A emissora fundada por Roberto Marinho já produziu tramas mais curtas como as de ‘O Astro’, ‘Gabriela’, e ‘Verdades Secretas’ que giraram em torno de menos de cem capítulos. O Globoplay lançou recentemente a segunda temporada da trama da Angel, e a Netflix e HBO Max vão investir nesse gênero.
Será que não rolaria uma parceria entre a emissora dos irmãos Saad e alguma plataforma de streaming?
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