A era dos aplicativos on demand está só começando e a primeira produção exclusiva do GloboPlay, “Assédio” será exibida na Globo no dia 03 de maio.
Há quem diga que a TV aberta não será mais o meio de comunicação principal no Brasil. Pode ser que esta realidade aconteça um dia, mas ainda é inegável o poder e alcance que ela possui. É de olho no crescente mercado de vídeo on demand (VOD) que as emissoras ao invés de nadar contra, investem para não ficarem para trás.
Leia também: Produções da Netflix poderão continuar concorrendo ao Oscar, diz Academi
“Assédio” é uma obra baseada em fatos reais, que conta a história de mulheres que sofreram abusos sexuais numa clínica especializada em tratamentos para gravidez. A série é livremente inspirada no livro “A Clínica: A Farsa e os Crimes de Roger Abdelmassih”, de Vicente Vilardaga e chegou a ter um capítulo no ar na Globo em 2018 para atrair o público a assinar a plataforma de streaming da emissora. A mesma estratégia foi usada com a produção “Ilha de Ferro”.
Roger Abdelmassih era especializado em reprodução humana e foi condenado a 181 anos de prisão por 48 estupros de 37 pacientes. Hoje ele vive em prisão domiciliar. Muitas mulheres tiveram a vida arruinadas e até hoje sofrem as consequências dos abusos. Foram discriminadas, taxadas como causadoras dos abusos, sofreram preconceitos, tiveram casamentos desfeitos e o pior, algumas ainda enfrentaram a dor ao darem continuidade no tratamento por conta do sonho de serem mães e também por gastarem todas suas economias no tratamento. São mulheres de classes e situações emocionais diferentes em torno da mesma dor, vergonha e angústia.
Ivani Serebenic, foi a primeira mulher a denunciar o médico publicamente. Em outubro de 2018, numa entrevista sobre a série no programa “Conversa com Bial”, ela contou que sentiu muito medo após sair do anonimato e disse que sofreu ameaças:
“Fui ameaçada de morte diversas vezes. Nos primeiros dias que fiz a denúncia, não podia sair na rua. As pessoas me apontavam, diziam que eu queria me prevalecer de um homem tão importante e financeiramente influente. Até hoje, há quem duvide diante de tudo o que aconteceu”,
lamentou Ivani.
Mas foi quebrando silêncio que os abusos caíram no conhecimento da mídia e da população, o que ajudou a concretizar as denúncias de mais vítimas. A quebra do silêncio gera um movimento crescente e desperta nas demais vítimas o desejo por justiça.As vítimas passam a entender que juntas são mais fortes.
“Por estarem vulneráveis e por haver uma permissividade social e cultural, elas vão sendo assediadas. Esse médico tira partido dessa fragilidade delas, do poder que ele tem e da permissividade que acontece em torno para atacá-las”,
ressalta a autora Maria Camargo.
A obra de 10 episódios é escrita por Maria Camargo, com Bianca Ramoneda, Fernando Rebello e Pedro de Barros. A direção artística é de Amora Mautner, direção-geral de Joana e direção de Guto Botelho. Na série e também na vida real cada uma tem uma história, uma bagagem, mas todas foram unidas com a mesma sede de justiça.
Num momento em que as mulheres ainda sofrem com agressões, preconceitos e mortes, a série tem um importante papel social, que vai além do entretenimento e serve de alerta para a sociedade que precisa de respeito e paz.
Assista ao trailer da série:
“Assédio” estreia no dia 03 de maio, na Globo.