Um golpe realmente “espetacular”, atingiu milhares de clientes de uma loja online, que prometida valores bem abaixo do mercado em eletroeletrônicos como Smarts TVs. A 123 Importados apareceu pela primeira vez, ainda como suspeita, em uma reportagem especial feita pelo repórter André Azeredo, em maio de 2020 no Domingo Espetacular. Logo, centenas de outros clientes também entraram em contato com a Record TV informando que passavam pelo mesmo problema: compraram os aparelhos e nunca receberam.
O conhecido quadro Patrulha do Consumidor, do Celso Russomano entrou no caso e foi atrás dos donos da empresa. A tensão aumentou, e o especialista foi chamado de “mentiroso” e outros palavrões, em rede nacional, pela esposa de um dos homens que foi acusado de ser laranja na empresa.
No último dia 30 de junho, a Polícia Civil de São Paulo realizou oito mandados de prisão temporária e dez ordens de busca e apreensão em quatro cidades contra um grupo que aplicava golpes através da ‘123 Importados’. O caso foi acompanhado de perto pelo ‘Domingo Espetacular’ que revelou neste domingo, 05 de julho, detalhes da vida de luxo dos golpistas.
O luxo com o dinheiro dos lesados
Na madrugada do dia 30, em Jaú, interior de São Paulo, a Polícia Civil invadiu uma casa de luxo para cumprir um dos mandados de prisão. As imagens da casa impressionam e foram exibidas com exclusividade pela emissora.

Uma mansão que ocupa o quarteirão inteiro, com piscina, churrasqueira, quintal, salão de jogos, várias salas, muitos espaços de requinte, suítes com banheiros enormes, closet e até um bar quase profissional. Na garagem, um carro de luxo, avaliado em até meio milhão de reais. Tudo fruto de golpes, entre eles o da “TV Barata” do site ‘123 Importados’.

Os golpistas
Anteriormente, Celso Russomano já havia descoberto, no ‘Cidade Alerta’, que a empresa foi aberta com um capital social de apenas R$: 1.000,00. Mas o mais impressionante é que, o homem apontado como dono da ‘123 Importados’, Felipe Inocêncio da Silva, morava em um cômodo alugado na periferia de São Paulo. Deixando o rastro que se tratava apenas de um laranja.
A investigação da Polícia confirmou que, na verdade, Felipe “emprestou” seu nome para José Henrique Casales Júnior, já conhecido por outros casos de estelionato.
“Estamos diante de uma organização criminosa, que existe com o fim especial de cometer esse tipo de crime“, disse o delegado Fabiano Barbeiro.

A mansão de luxo era do José Henrique Casales Júnior, é ele quem aparece sendo preso nas imagens exibidas no ‘Domingo Espetacular’. Ao todo, 8 pessoas tiveram a prisão temporária decretada.
Os golpes
A Polícia Civil de São Paulo estima que, só pelo site, os golpistas tenham vendido em torno de 20 mil televisores, faturando perto de R$: 20 milhões de reais. Para parecer um negócio legítimo, o grupo chegou a entregar alguns aparelhos: “Justamente para fazer a propaganda boca-a boca, explicou o delegado. Então são 1.500 pessoas que compraram um produto que vale R$:1,800 por R$:900,00“, explica o delegado.
Também de acordo com as investigações, José Henrique vinha repetindo o mesmo golpe há 10 anos, ele montava uma empresa virtual, vendia a preço muito baixo, não entregava, e quando as reclamações dos clientes aumentavam ele criava uma nova loja virtual. Assim, a ‘123 Importados’ é a quarta empresa. A ‘Neon Eletro’, teria sido a empresa que aperfeiçoou o golpe, foi a primeira que passou propaganda na TV, a atual empresa que levou as investigações da polícia também veiculava propagandas no SBT, Band e RedeTV!.
A Receita Federal chegou a investigar a Neon eletro, e José Henrique foi condenado por estelionato, com uma pena de 05 anos e 10 meses de reclusão, mas teve o direito a recorrer em liberdade. No caso da 123 Importados, a investigação foi uma força tarefa da Polícia Civil de São Paulo e segue com o DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais).

Como as vítimas devem agir
As recomendações é que as vítimas registrem o Boletim de Ocorrência na internet. Como são milhares de consumidores lesados, um advogado procurado pelo Domingo Espetacular, sugeriu que. Para quem ainda vai entrar na justiça, deve pedir apenas a devolução da quantia paga para poder de fato ver a cor do dinheiro.
“Não é o caso de pedir indenizações milionárias, porque não vai ter dinheiro para pagar isso. É mais fácil se concentrar no valor perdido”, disse o advogado Pedro Iokoi.
Vale ressaltar ainda, a última dica de ouro: “Toda vez que o consumidor vai comprar um produto que está muito aquém, muito abaixo praticados por empresas já consolidadas no mercado, há o indício de que tenha coisa errada”, disse o procurador da República Marcos Salati.